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A Doutrina do Homem: O Homem à Imagem de Deus (Imago Dei)

Gênesis 1 ensina que, depois que Deus trouxe o mundo à existência a partir do nada (capitulo 10), ele povoou os céus e a terra em seis dias. No primeiro dia, ele fez a luz e a separou das trevas. No segundo dia, ele fez o céu e separou as águas de cima das águas de baixo.

No terceiro dia, ele fez as plantas. No quarto dia, ele reuniu a luz em corpos celestiais: sol, lua e estrelas. No quinto dia, ele encheu as águas com vida aquática e os céus com criaturas aladas. No sexto dia, ele povoou a terra com “animais domésticos, répteis e animais selvaticos” (Gn 1.24). Todas as criaturas deviam se reproduzir “segundo sua espécie” (v. 21,24,25). E “viu Deus que isso era bom” (v. 25). Mas, então, acontece algo ainda mais incrível:

(…) disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superficie de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será mantimento.

E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, ea todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. (Gn 1.26-31) para

Essa passagem enfatiza a singularidade do homem de muitos modos. A pri meira é a que John Murray chama de “envolvimento único do conselho de Deus”. Murray diz:

A fórmula não é de um simples ‘haja’, como no caso da luz (Gn 1.3). Nem é o caso de ordem em referência a entidades existentes – “Produza a terra relva” (Gn 1.11); “Povoem-se as águas de enxames de seres viventes” (Gn 1.20); “Produza a terra seres viventes” (Gn 1.24). A expressão “façamos” indica que há um envolvimento único de pensamento e conselho divino, e evidencia o fato de que algo proporcionalmente único está para acontecer.

A imagem de Deus

A segunda indicação da singularidade do homem na passagem é que ele é feito, diz Deus, “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Os ani mais são criados “segundo sua espécie”, ou seja, de acordo com um padrão prescrito por Deus. Mas o homem é criado segundo o padrão do próprio Deus. Murray comenta:

(…) o próprio indivíduo não foi algo que quisesse ser; isso é algo que pertence ao próprio Deus, intrinsicamente. A reação inteligente a esse dado de revelação é de maravilhamento, e exclamamos: “que é o homem, que dele te lembres?” (S1 8.4). A origem do homem não é só o sujeito singular do conselho de Deus; o homem é desde o início o beneficiário de dons e dignidade únicos.”

Porém, há muito tempo os teólogos debatem o que é exatamente a imagem de Deus. Alguns a identificam com o poder intelectual único do homem; outros, com a alma como distinta do corpo; outros, com o relacionamento do homem com Deus.

Karl Barth encontrou um paralelo entre “imagem” e “homem e mulher”; então, argumentou que a imagem consiste na diferenciação sexual e, portanto, de maneira mais ampla, em relacionamentos sociais. Outros pensam que a imagem consiste no domínio do homem sobre o restante da criação (Gn 1.26,28), pois é um espelho do senhorio de Deus.

Ainda outros, com justifica tiva do NT, identificam a imagem com qualidades éticas como conhecimento, retidão e santidade (Ef 4.24; CI 3.10). Alguns buscam uma interpretação cristológica da imagem, visto que o NT apresenta Cristo como a imagem num sentido proeminente (2Co 4.4; CI 1.15; Hb 1.3) e a imagem na qual seremos renovados (Rm 8.29; 1Co 15.49; 2Co 3.18).

Em todas essas representações há verdade

Mas há tantas que é importante tentarmos entender os padrões conceituais que as unem. “A nossa imagem” e “conforme a nossa semelhança” são mais ou menos sinônimos, usando os termos hebraicos tselem e demuth, respectivamente.

A passagem não faz referência às diferenças sutis entre esses termos, mas os coloca juntos para magnificar a grandiosidade desse ato criativo particular. O escritor, evidentemente, espera que os leitores entendam esses conceitos sem definição. Vale a pena lembrar que “imagens” eram comuns no mundo antigo.

Imagens eram simplesmente estátuas ou ilustrações, com a intenção de representar alguém, em geral um deus ou um rei. No segundo mandamento, Deus proíbe a adoração de imagens. Mas existe uma imagem do Deus verdadeiro nós mesmos.

Os próprios termos hebraicos referem-se a uma semelhança entre Deus e o homem, mas a natureza dessa semelhança deve ser deduzida de outras passagens. Então, se vamos falar dessa imagem como mais do que um título isolado, nossa tarefa teológica é determinar as semelhanças mais teologicamente significativas entre Deus e o homem, as quais elevem o homem acima de outras criaturas.

Outras semelhanças explicarão o uso de “imagem” nessa passagem, ao nos mostrar que o relacionamento do homem com o restante da criação é análogo ao relacionamento de Deus com a criação toda. No entanto, evidentemente, o relacionamento do homem com a criação não pode ser exatamente igual ao de Deus, porque o próprio homem é somente uma criatura.

A analogia entre Deus e nós mesmos sempre conterá certas diferenças nela. Assim, estamos procurando qualidades no homem que constituam réplicas finitas das qualidades infinitas de Deus.

Em Gênesis 1.26, o que vem imediatamente depois das referências à imagem e à semelhança é a designação de Deus de que o homem tenha “domínio sobre” o restante da criação. Essa também é a primeira ordem ao homem e à mulher (v. 28) depois que ele os abençoa. Certamente esse é um dado importante a considerarmos ao interpretarmos a linguagem sobre a imagem.

Analisei a doutrina de Deus como uma exposição do senhorio de Deus. Sua natureza e seus atributos são o que o qualificam a ser o Senhor de tudo o que ele faz; de fato, eles são o que o senhorio dele é do ponto de vista dos seus servos pactuais. O que Gênesis 1.26-28 afirma é que Deus fez o homem semelhante a si mesmo para capacitá-lo para o seu dever como senhor, um senhor subordinado ao senhorio supremo de Deus.

Assim, a imagem de Deus consiste naquelas qualidades que capacitam o homem a ser senhor do mundo, sob o senhorio de Deus.10 O que são essas qualidades, senão analogias dos atributos de senhorio do próprio Deus?

Enquanto as consideramos, também irei estabelecer paralelos entre os três atributos de senhorio e os três ofícios ungidos das Escrituras: rei, profeta e sacerdote.

Deus, particularmente Cristo, o Ungido, é o portador original desses ofícios. O homem possui ofícios análogos em relação à criação inferior e, à medida que a história da redenção avança, Deus designa alguns indivíduos para serem reis, profetas e sacerdotes sobre seu povo.

Controle (ofício real)

Em Gênesis 1.26, a imagem de Deus qualifica o homem para exercer grande poder: “Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”.

No versículo 28, Deus diz que, para ter domínio sobre a terra, o homem terá de sujeitá-la (kabash, “tornar subserviente”). Esse domínio se estende a tudo feito por Deus do quarto ao sexto día da críação. Nos versículos 29-30, Deus dá a sua obra do terceiro dia como alimento para o homem.

É interessante que Deus não coloca a obra do primeiro dia (luz e trevas) e nem a do segundo dia (céus e águas) sob o poder do homem. Nas Escrituras, a “luz” está estreitamente conectada com o próprio Deus. Ele é luz, de acordo com 1João 1.5, e não há nele treva nenhuma.

Somente ele é aquele quem traz luz ao mundo – não apenas luz física, mas também a luz como figura da salvação: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6; cf. Ef 5.8, 13-14; 1Ts 5.5; 1Pe 2.9; Ap 21.23-24; 22.5).

Como uma metáfora para a salvação, a luz vem apenas de Deus; portanto, serve como uma imagem do caráter gracioso da redenção.

Quanto à obra do segundo dia, Deus também a preservou para si. Os céus são a sua própria moradia, o local do seu tabernáculo arquetípico, “do ver dadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8.2). E Deus também mantém controle sobre as águas do segundo dia, tanto as debaixo do firmamento quanto as sobre ele (Gn 1.7).

Quando ele envia juízo ao antigo mundo humano, a Bíblia afirma:

“Romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram” (7.11). Aí, Deus elimina a separação entre as águas que ele construiu no segundo dia da criação. Os seres humanos não têm poder para deter as águas ou o juízo.

Assim como ocorre com a luz, Deus é soberano na sua disposição das águas. Depois do juízo em Gênesis 7, Deus ainda possui o poder de enviar ou reter a chuva. Numa sociedade agrária, a chuva é uma necessidade constante. O homem não pode produzi-la sozinho.

Ele deve continuar voltando-se para Deus por ela (1Rs 8.35-36). Quando Deus envia a chuva, é uma bênção, uma misericórdia (Lv 26.4; Dt 11.11; 28.12; 2Sm 23.4; SI 147.8). Quando Deus a retém, é um juízo (Dt 11.17; 28.24; 1Rs 17.1s).th

Portanto, o domínio do homem não se estende à obra de Deus nos dois primeiros dias da criação. Porém, o fato de ele dominar e governar a criação dos últimos quatro dias é imensamente significativo. O homem não é onipotente como Deus (capítulo 16), mas é capaz de fazer coisas maravilhosas por meio da sua força física, acuidade intelectual e habilidade linguística (veja a próxima seção), habilidades que nenhum animal pode igualar.

A responsabilidade do homem em encher e dominar a terra é às vezes chamada de mandato cultural.” Essa linguagem enfatiza o fato de que a tarefa do homem é a de tornar a terra habitável para o homem, adequada às necessidades e aos propósitos do homem.

Essa tarefa envolve não apenas o cultivo de colheitas para alimento, mas também as artes, a ciência e a literatura, pelas quais a vida humana se torna mais do que mera subsistência. E, no nível mais profundo, o trabalho do homem tem o objetivo de gerar louvor e glória a Deus. Por isso ele deve estruturar a sua vida e a sua cultura de acordo com os padrões de Deus.

Os teólogos perguntam se a imagem de Deus se refere ao corpo do homem ou apenas à sua alma. Irei analisar a distinção entre alma e corpo mais adiante. Contudo, já deve estar evidente que a imagem de Deus também se refere ao corpo. A força física do homem é um aspecto importante do seu poder para sub jugar a terra e dominá-la.

Alguns objetam que o corpo humano não pode ser a imagem de Deus porque Deus é incorpóreo. Mas a incorporeidade de Deus não significa que ele é incapaz de assumir forma física, apenas que ele é soberano na sua escolha de assumir forma física ou não; e, se ele escolhe assumir uma forma física, ele é soberano para escolher a forma que deseja (capítulo 18).

Ele é superfísico – mais do que físico, não menos. Além disso, quer ele escolha tomar forma física ou não, ele consegue fazer tudo o que conseguimos fazer com corpo e muito mais. Salmos 94.9 pergunta: “O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá?

E o que formou os olhos será que não enxerga?

” Os seres humanos escutam com seus ouvidos físicos e veem com seus olhos físicos. No entanto, Deus é o mestre dos processos de audição e visão. Ele faz sem órgãos físicos aquilo que fazemos com eles, e muito mais.

Portanto, o homem serve como rei sobre a criação de Deus. Mas ele é um rei sob Deus, responsável em adorar e obedecer a Deus, o Rei dos reis.

Autoridade (ofício profético)

Mencionei acima que o homem deve construir sua cultura de acordo com os padrões de Deus. Portanto, ele leva a palavra de Deus, a linguagem divina, aos seus companheiros e ao mundo.

Entendo que a linguagem de Deus, sua palavra, é uma com ele mesmo, um atributo essencial à sua natureza. Deus é um Deus que fala. Referi-me ao trabalho dos anjos, que trazem a palavra de Deus aos seres humanos, e ao dos demônios, que distorcem e corrompem a fala de Deus.

A linguagem também é fundamental à natureza humana na imagem de Deus. Em Gênesis 1, a primeira experiência do homem é linguística: ouvir as palavras de Deus (Gn 1.28-31). Em Gênesis 2.18-20, quando Deus primeira mente dá uma tarefa específica a Adão sob o mandato geral de dominar a terra, ele lhe dá uma tarefa linguística: nomear os animais.

Essa tarefa não é apenas a de anexar um som a um objeto. Antes, é a tarefa científica de entender a natureza de cada animal, porque o propósito geral é determinar se algum deles pode ser “auxiliador” de Adão (2.18). Os “nomes” que Adão dá aos animais, portanto, são um sistema de sons que declara a natureza de cada criatura.

14 A pesquisa de Adão determina que não há um auxiliar para ele no reino animal, então Deus cria uma parceira para ele por meio da criação especial (2.21-25).

Tiago 3.1-12 enfatiza ainda mais a centralidade da linguagem na vida humana e, com base em muitos dos provérbios, nos ensina que, se um homem consegue controlar a sua língua, é capaz de controlar todo o seu corpo. Em Gênesis 11.1-9, Deus pune os construtores da Torre de Babel por meio da con fusão de linguagem.

Ele diz: “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer” (Gn 11.6).

A linguagem é uma capacidade tão poderosa que a língua comum permite que o pecado siga desenfreado. Deus determina que ela precisa ser controlada. Por isso, os pecados da língua têm proeminência nas listas bíblicas de pecados, como em Romanos 3.10-18.

As Escrituras são abundantes em admoestações para falarmos com vistas à edificação (Ef4.29; 1Co 14.3,12,17,26), em vez de falarmos mentiras, blasfêmias e tolices. Jesus diz: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, purificação pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mt 12.36-37).

Com frequência, a redenção é apresentada como a dos lábios (Is 6.5-7) ou da linguagem (SI 12; Sf 3.9-13). O Pentecostes reverte parcialmente a maldição de Babel, para que a mensagem da graça possa ser ouvida nas línguas de todos os povos (At 2).

Assim, a tarefa cultural de Adão pode ser vista de uma perspectiva linguís tica: o trabalho de desenvolver uma linguagem análoga à palavra do próprio Deus, construindo por todo o mundo uma cultura em conformidade com ela. Essa é a raiz do conceito de profecia que examinamos no capítulo 24.

Assim como Deus inicialmente lhe transmitiu palavras, Adão deve falar essas palavras e semelhantes para sua família e impor sobre a terra instituições culturais que observem os padrões de Deus e lhe tragam glória. Na medida em que faz isso, ele fala com a autoridade de Deus.

Quais normas ou padrões divinos Adão conhecia antes da queda?

Sem dúvida, Deus lhe ordenou que desse nome aos animais e se abstivesse do fruto proibido, mas essas ordens foram para um tempo e um espaço específicos. Deus também deu a Adão e Eva ordenanças mais amplas, as quais regem os seres humanos de todas as épocas e lugares.

Os teólogos geralmente as denominam ordenanças da criação: leis e instituições dadas a Adão e Eva antes da queda, análogas às leis de alianças posteriores. John Murray lista entre elas “a procriação de descendência, o enchimento da terra, a sujeição dela, o domínio sobre as criaturas, o trabalho, o sábado semanal e o casamento”.

Defendo dois acréscimos a essa lista: o culto e o respeito pela vida humana,” ressaltando que, “tal como outras leis bíblicas, as ordenações da criação têm um foco triplo – de fato, em três perspectivas: em Deus (culto, sábado), no mundo natural (encher, subjugar e dominar a terra) e no próprio ser humano (casamento, procriação, trabalho)”.

De acordo com o mandato cultural, o homem deve desenvolver uma cultura pela terra toda que observe essas ordenanças da criação, ensinando-as por meio do seu dom da fala e por meio de uma vida coerente com essas palavras. Essa fala é um elemento necessário da “imagem de Deus”.

Ela torna o homem parecido com Deus de uma maneira importante e eleva o homem acima das outras criaturas, para que possa ter domínio sobre elas. Seu poder físico lhe dá um governo de facto sobre o mundo, mas é o discurso divino que torna seu governo de jure.

O atributo do poder é a força; o da autoridade é o direito. Ao explicar e guardar as normas de Deus, o homem revela ser o legítimo governante do mundo. Seu oficio e trabalho profético legitimam seu oficio e trabalho real.

Presença (ofício sacerdotal)

Contudo, Adão não deve ser um rei ausente. Ele não deve apenas sujeitar a terra e dominá-la; Deus também lhe ordenou: “(…) sede fecundos, multiplicai vos, enchei a terra” (Gn 1.28; cf. 9.1).

Assim como Deus transcende o mundo com seu controle e autoridade mas se torna imanente no mundo pela sua presença pactual, do mesmo modo também Adão, profeta e rei vassalo de Deus, deve encher o mundo sobre o qual reina.

Visto que ele não é onipresente como Deus, só conseguirá enchê-lo casando-se e tendo filhos. Portanto, o mandato cultural é um processo gradual e histórico, no qual o homem abençoa progressivamente cada parte da terra com a sua presença.

Visto que constrói sua cultura de acordo com as palavras de Deus, o homem traz consigo a bondade de Deus. Então, quando lemos que, em Cristo, Deus restaura a sua imagem nos homens caídos, as Escrituras descrevem a imagem em termos éticos:

(…) Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se cor rompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. (Ef 4.20-24)

Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou. (C1 3.9-10)

O homem abençoa todo lugar para onde vai, apreciando e melhorando o que é bom. Até certo ponto, isso quer dizer, como falei, que o homem faz o mundo ser uma habitação apropriada para si. Mas isso não significa explorar a terra de um modo egoísta.

Considerações Finais

Deus criou o mundo para sua glória, mas a glória divina também é o que é melhor para o próprio mundo. Assim, o homem busca humanizar seu ambiente, mas não de um modo que destrua a beleza e a integridade da criação. Por ser feito do pó, o homem tem uma afinidade com a criação. Visto que ele vive do ar, da água e dos frutos da terra, é do seu interesse alternar as colheitas, fazer a terra descansar, manter puros o ar e a água.

Adão deve fazer tudo isso para a glória de Deus, cumprindo o propósito divino ao criar o mundo. Ele deve orar e adorar a Deus em todo lugar, consagrando seu trabalho e buscando a bênção contínua de Deus. Por isso Deus chamou Adão não apenas para trabalhar, mas também para descansar na celebração do seu próprio descanso divino (Gn 2.2-3; Êx 20.11).

Esse é o trabalho sacerdotal de Adão. O ministério de um sacerdote é orar pelos outros e guiá-los em adoração; e, dessa maneira, trazer as bênçãos de Deus para as pessoas às quais serve. Portanto, Adão é um sacerdote para seu povo, em qualquer território que se estabelecer.

Sua bênção sobre ele também será uma bênção sobre a terra. Certamente depois da queda o sacerdote também precisa fazer sacrifício pelos pecados do povo. Mas ele ainda é aquele por meio de quem se aproxima do seu povo. Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote de Deus, é aquele que se aproxima mais, tomando sobre si a natureza humana, vivendo nossa vida, morrendo a morte que merecemos (Hb 2.10-18; 7.1-10.18).

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