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O Cristão e a Cultura: Os Cristãos em Babel – a Cultura de Babel

Chegamos agora à questão de como descrever melhor o desenvolvimento da cultura científica e tecnológica. Se os cristãos puderem entender essa cultura de forma cabal, estarão mais bem preparados para considerar o próprio envolvimento responsável com ela.

Somos confrontados com muitos problemas e perigos, incluindo-se a possibilidade de uma guerra nuclear global. Torna-se cada vez mais claro que, por conta de uma guerra nuclear ou por acidente, uma catástrofe global não é de todo impossível.

Precisaremos sujeitar essa possibilidade à Palavra de Deus. Enfrentamos os maiores e mais prementes problemas da vida e da morte em proporções globais. Este é um “sinal dos tempos”. Como podemos perceber esse sinal? E como será nossa reação?

Talvez os cristãos tenham de perceber que estão enfrentando um apocalipse. Talvez ainda subestimem o potencial de destruição, em especial de uma guerra nuclear. As consequências dessa guerra seriam quase indescritíveis. E se algumas gerações futuras sobreviverem, elas também sofrerão muito.

Que tipo de cultura pode tolerar essa ameaça?

Qual deve ser a atitude do cristão em relação a isso? Essa cultura pode ser chamada cultura de Babel. A responsabilidade do cristão em uma cultura desse tipo não pode ser negada.

Ele precisa apelar para o retorno à vida cultural diante de Deus (coram Deo), ao desenvolvimento cultural responsável.

Ao mesmo tempo, o cristão deve avaliar seus dias de acordo com a profecia; ele deve lembrar às pessoas que o desastre indescritível terá lugar a menos que haja arrependimento.

Os cristãos precisam anunciar que as soluções políticas não podem alterar o curso atual da cultura moderna. Eles afirmam que sob o marasmo cultural do momento se encontra a escolha religiosa radical do homem.

Os cristãos devem avaliar o espírito da cultura atual com base na Palavra de Deus, e com base nela devem procurar respostas políticas normativas para os problemas atuais.

A avaliação profética e a análise cultural — tarefa para a qual a igreja foi chamada — permitirá aos cristãos, incluindo- se os ativos na política, exercer influência nos grandes desenvolvimentos da cultura.

O que significa a expressão “cultura de Babel”?

O motivo de ser Babel decorre da ambição obstinada e da Queda do homem no pecado, que muitas vezes se fez sentir desse momento em diante. Esse motivo atingiu hoje proeminência sem precedentes, por duas razões:

Primeira, vivemos agora em uma cultura secularizada, que não se preocupa mais com Deus e seus mandamentos. Segunda, a cultura secularizada tem à disposição enorme poder científico e tecnológico. Vejamos a combinação mais de perto.

Notemos que o motivo de Babel se manifesta de forma integral e global em nossa cultura atual. Ela continua impulsionando a ciência, a tecnologia.

A economia e a política para a formação de uma única entidade maciça — esses setores aumentam a força uns dos outros para seguirem juntos em direção à ausência de Deus.

Essa cultura não foi descrita em Apocalipse 13?

A profecia afirma que a besta do poder político aumentará sua força perto do fim dos tempos mediante a mobilização da besta da terra. Não seria ela a besta dos poderes da ciência e da tecnologia?

Assim, a ciência e a tecnologia, agora a serviço da política, apresentarão poderes, sinais e milagres enganosos (2Ts 2.10).

Dentro dessa cultura, a prosperidade material será interpretada e até mesmo adorada como o progresso. A humanidade escolherá de forma deliberada as coisas da terra em lugar das do céu.

O desenvolvimento se tornará um superdesenvolvimento sem precedentes na ciência, tecnologia e economia, e o superdesenvolvimento se tornará exploração.

O que foi chamado de progresso passará a ser designado retrocesso, um tipo de desenvolvimento retrógrado. A aparência de prosperidade material e bem-estar do materialismo são ameaças reais e enganosas.

As catástrofes ambientais, o esgotamento dos recursos naturais e das fontes de energia, a alienação gradual das pessoas, e o abismo crescente entre nações ricas e pobres mostram que a poderosa cultura de Babel é ameaçada pela impotência e decadência internas.

Mais uma vez, vê-se a verdade profética de Apocalipse 18

Os versículos 11 a 14 deixam claro que o desaparecimento da cultura de Babel coincidirá com o fim dos reinos mineral, vegetal e animal, bem como com o fim do mundo humano. A ambição obstinada do homem colocou a cultura no caminho da desgraça.

Esse caminho leva ao reino humano. No entanto, pelo fato de o homem ser incapaz de governar com justiça, também ele o levará à destruição e morte.

Como foi dito antes, a motivação de Babel procede do desejo humano de recuperar o paraíso perdido por meio da própria força. Os homens tentam deixar seu legado na terra, e criar o descanso eterno e as condições para sua utopia.

Caim e Ninrode foram protótipos desses homens. O motivo de Babel se repete várias vezes nas Escrituras: Sodoma e Gomorra, Egito, Babilônia e Nínive todos demonstraram os sinais dessa cultura.

A Bíblia muitas vezes profetizou contra essas formas de ambição obstinada. O texto de Apocalipse 11 nos mostra que mesmo Jerusalém, a cidade escolhida por Deus, poderia tornar-se uma forma de Babel.

Isto deve nos dizer algo: precisamente na cultura ocidental e pós-cristã a ambição obstinada do homem teve ampla liberdade, inspirada pelos poderes da ciência e da tecnologia.

Muito se poderia dizer sobre a história desse desenvolvimento

Mas é ainda mais importante vermos o que a Bíblia diz sobre a direção religiosa da cultura de Babel. Lembro-me de 2 Tessalonicenses 2.1-21 e 2 Timóteo 3.1-9. Se essas passagens forem lidas no contexto de Romanos 1.16-32, a direção religiosa se tornará mais clara.

Romanos 1 nos mostra o que acontece com o pagão e sua cultura, e nos revela a direção religiosa e o compromisso dos não crentes.

Os textos de 2 Timóteo 3 e 2 Tessalonicenses 2 descrevem a direção religiosa do homem neopagão, secularizado, egoísta e o impacto cultural nesse sentido. Romanos 1 é paralelo a 2 Tessalonicenses 2 e 2 Timóteo 3.

Olhando para a cultura moderna, pós-cristã e até mesmo anticristã, pode-se dizer que seus males e desastres surgiram precisamente por causa das potencialidades oferecidas pela ciência e tecnologia.

As forças modernas da ciência e da tecnologia são muito ameaçadoras, e por essa razão demoníacas.

A Bíblia nos mostra porque elas são demoníacas: a cultura atual não só rejeita a revelação de Deus como se vê pelas obras de suas mãos, como ocorreu na cultura pagã descrita em Romanos 1, mas também rejeita a revelação de Cristo.

Da mesma forma que a rejeição da criação como revelação trouxe consequências desastrosas para o mundo pagão, de igual modo a rejeição atual da criação e da Palavra encarnada ocasionou a multiplicação do mal.

A intensificação do mal é possibilitada pelas forças informes da ciência e da tecnologia

Por quê? “Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.25; cp. 2Ts 2.10,11).

À luz dessa palavra profética enxergamos a razão de nossa cultura poder ser chamada a cultura de Babel do fim dos tempos. Ela combina pecado, apostasia, idolatria e ilegalidade com ciência e tecnologia.

Portanto, podemos lidar com os perigos inerentes às forças sem lei da ciência e tecnologia, e com a corrupção destrutiva da vida e da sociedade. A cultura de Babel é sempre de confusão.

Os observadores apenas da ilegalidade da vida e da sociedade, ignorando a ilegalidade da ciência e da tecnologia não reconhecerão a força espiritual profunda que une a desintegração espiritual de nossos tempos.

Mas os que tomam nota da profunda unidade espiritual, observando também a revelação da ira divina sobre toda a apostasia e ilegalidade, saberão que Deus entregou o homem à decadência e cegueira (Rm 1.18,28; 2Tm 3.9).

Por meio da cultura de Babel o homem tenta erigir uma contracriação

Seus esforços brilham como o ouro, e a ciência e a tecnologia prometem um escape do juízo divino. No entanto, as aparências enganam. Como contracriação, Babel carrega as sementes da própria destruição, e afetará seu próprio julgamento e morte.

No campo de força da ciência, tecnologia, economia e política aparecem armas nucleares. A política de defesa só pode ser compreendida no contexto das forças da ciência, da tecnologia e dos interesses econômicos.

Quando observamos todo o contexto, passamos a enxergar que os acontecimentos mundiais atraem o homem para um vórtice do mal e da morte.

Quem pode escapar do pensamento de uma guerra nuclear? Poderes demoníacos passariam então a ser revelados em toda a sua força (Ef 6.12); a humanidade teria de enfrentar as consequências da lei do pecado e da morte (Rm 8.2).

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