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Doutrina do Homem: “Homem e mulher, quatro características em sua criação”

Com certeza é relevante que, logo depois que a Bíblia descreve que Deus cria e homem à sua imagem, ela acrescenta: “(…) homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Não concordo com o ponto de vista de Karl Barth de que nossa diferenciação sexual é o significado de “imagem”,” mas certamente devemos fazer um esforço para entender como a diferenciação sexual e a imagem se relacionam.

Em um artigo anterior, descrevi a imagem sob três perspectivas, como controle, autoridade e presença, refletindo os atributos de senhorio de Deus. Em nenhum desses aspectos há diferença entre homens e mulheres. Ambos os sexos refle tem o controle de Deus, pois ele incumbe os homens e as mulheres de dominarem juntos a terra (Gn 1.28).

Portanto, ambos são reis vassalos sob Deus, portando sua autoridade

Ambos estão sujeitos às ordenanças autoritativas de Deus, ambos encarregados de construir uma cultura de acordo com essas ordenanças.

E encher a terra com filhos, levando a presença de seres humanos a todo o mundo, obviamente é uma responsabilidade conjunta dos sexos.

Na queda, como veremos com mais detalhes adiante, tanto o homem quanto a mulher desobedecem a Deus, e Deus envia maldições, misturadas com bênção, igualmente sobre eles (Gn 3.14-19).

É significativo que a maldição se aplica de alguma maneira diferente ao homem e à mulher. A mulher terá dores de parto, o homem terá dor e fadiga ao trabalhar a terra. Mas ambos estão amaldiçoados e igualmente caídos.

Apesar de a Bíblia indicar que a mulher foi enganada primeiro (1Tm 2.14), ela nunca sugere que as mulheres são mais ou menos pecadoras do que os homens.

Portanto, a redenção de Cristo aplica-se igualmente a ambos. As Escrituras nunca sugerem que as mulheres são mais ou menos santificadas pela graça de Cristo do que os homens. Positivamente, a Bíblia ensina:

Primeira: Tanto homens quanto mulheres são criados à imagem de Deus

Gênesis 1.27 defende esse ponto de modo bastante explícito; as passagens em 2.20 (“auxiliadora… idônea”) e 2.23 (“osso dos meus ossos e carne da minha carne”) ressaltam a unidade de natureza entre o homem e a mulher, em contraste (2.19-20) com o relacionamento entre o homem e os animais.

Veja também 5.1-2. James Hurley destaca que “homem” em 1.26-27 é um coletivo (adam- “humanidade”). A membresia plural é indicada pela expressão “homem e mulher” no versículo 27; posteriormente, é dada a ambos, homem e mulher, a tarefa apropriada àqueles criados à imagem de Deus (v. 28).23 Esse é o ensino uniforme das Escrituras

A recriação à imagem de Cristo se mesmo modo a todos os crentes, sem distinção (C1 3.9-11); de fato, essa renovação, essa filiação (Gl 3.26), é dada a crentes de maneira tão indiscriminada quanto a isso, “não pode haver (…) nem homem nem mulher” (v. 28). aplica do que, substantivo

Segunda: Homens e mulheres são iguais na imagem de Deus

Não há nada em Gênesis que leve alguém a pressupor algo diferente disso. No entanto, algumas pessoas chegam a uma conclusão diferente com base no que Paulo diz em 1Coríntios 11.7: “Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem”.

Por que Paulo omite falar da mulher como “imagem de Deus”, depois de ter aplicado esse título ao homem? Pode-se até mesmo supor que Paulo esteja aqui negando que a mulher seja imagem de Deus e atribuindo a ela uma imagem menor: a do homem.

Concordo com C. K. Barrett que “nesse contexto, Paulo valoriza o termo imagem apenas como conduzindo ao termo glória”. A referência a “imagem” é secundária ao propósito de Paulo e, portanto, não é aplicada à mulher; mas ela informa aos seus leitores do AT a base para afirmar que o homem é a glória de Deus, “glória” e “imagem” sendo sinônimos aproximados, mas não perfeitos.

A ênfase de Paulo é em “glória”, que focaliza na honra que uma pessoa traz a outra. Ele diz que o homem foi criado para honrar a Deus. É claro que a mulher também foi criada para honrar a Deus; mas, adicionalmente, ela foi criada para um segundo propósito, a saber, honrar o homem.

Deus a fez especificamente para ser uma auxiliadora para Adão (Gn 2.18,20; cf. Pv 12.4; Ef 5.25-29).25 O homem honra e glorifica a Deus ao descobrir sua cabeça, porque cobrir a cabeça tem conotação de subserviência a outra criatura.

26 Essa subserviência a homens é particularmente imprópria para um profeta masculino, cuja função se resume a falar por Deus. Contudo, a mulher precisa não só honrar a Deus, mas também ao homem. De fato, ela honra a Deus quando honra a tarefa específica de “auxiliadora”, para a qual Deus a criou.

Portanto, ao contrário do homem ela honra a Deus melhor ao demonstrar sua subordinação à criatura que é seu parceiro.

Então, o argumento de Paulo em 1 Corintios 11.7 não é que a mulher não reflete Deus; antes, é que, além de refletir a Deus, ela também foi criada para honrar o homem; portanto, seu aparecimento deve ser adequado a essa segunda função. Não há necessidade nenhuma de falar que ela reflete Deus de alguma maneira inferior ao homem.

A subordinação dela prejudica a sua capacidade de refletir Deus? Essa é uma pergunta importante para fazermos neste ponto. Mas a resposta, com certeza, é negativa.

Os homens também são colocados sempre em relações de subordinação a outras pessoas (Ex 20.12; Rm 13.1; Hb 13.17),” mas isso não os prejudica em ser imagem de Deus.

O próprio Jesus se tornou subordinado ao seu Pai, e até mesmo subordinado às estruturas de autoridade humana, a fim de nos redimir. Portanto, a autoridade humana, ao refletir Jesus, deve ser uma autoridade que serve (Mt 20.20-28).

A disposição de se subordinar a outros por causa de Deus é, de fato, um componente da imagem, não algo que a compromete.28 Mesmo a submissão a uma autoridade injusta revela uma semelhança especial com Cristo (1Pe 2.12,19 -25; 3.14-18).29.

Muitas vezes é ao nos submetermos aos outros que mostramos melhor os componentes éticos da imagem divina. Como demonstrar melhor o amor de Deus, sua longanimidade, sua mansidão e seu autocontrole, senão ao nos submetermos aos outros?

Terceira: A própria diferenciação sexual reflete Deus

Como indicado antes, discordo de Karl Barth de que a diferenciação sexual é a imagem de Deus. Mas acredito que nossas qualidades sexuais, como todas as outras qualidades humanas, refletem Deus.

A questão não é se Deus é homem, mulher ou ambos. Lembre-se: afirmar que nossos olhos refletem Deus não é dizer que Deus tem olhos; antes, é dizer que nossos olhos retratam algo divino. De modo semelhante, nossa sexualidade retrata os atributos e capacidades de Deus:

1. A sexualidade humana reflete a criatividade divina. Pela capacidade sexual, geramos filhos e filhas; Deus faz o mesmo por outros meios (Jo 1.12. Rm 8.14s; Gl 4.4ss.; Hb 2.10; 1Jo 3.1-2).

2. O amor entre o marido e a esposa retrata o amor de Deus pelo seu povo (Ez 16: Os 1-3; Ef 5.25-33), que começa com um amor dentro da própria Trindade (Jo 17.26).

3. O relacionamento de aliança entre marido e esposa (Pv 2.17; MI 2.14) retrata o relacionamento de aliança entre Deus e o homem.

4. As Escrituras descrevem Deus tanto em termos masculinos quanto femininos, embora a vasta predominância de imagens seja masculina. Penso que o motivo é basicamente que a Bíblia quer que pensemos em Deus como Senhor, e o senhorio, nas Escrituras, sempre tem a conotação de autoridade.

30 Visto que, na visão bíblica, as mulheres estão sujeitas à autoridade do homem em casa e na igreja, como veremos, há certo constrangimento ao se falar de Deus em termos femininos.

Nossa necessidade hoje, em minha opinião, é de uma apreciação muito maior do senhorio de Deus e de Cristo. Portanto, a meu ver, de uma perspectiva bíblica, o movimento em favor de usar uma linguagem unissex ou feminina para se referir a Deus é fundamentalmente errado.

5. Apesar disso, a própria submissão da mulher também reflete Deus. O Senhor Deus não é tão orgulhoso assim que não possa ser nosso “auxílio”. Cristo, o Senhor, não relutou em ser um servo. As mulheres piedosas são modelos, muitas vezes como censura, a todos que desejam ser líderes (Mt 20.20-28).31

Quarta: Homens e mulheres representam igualmente a Deus

Argumentei anteriormente que o significado primário de imagem é a semelhança, não a representação. Porém, por causa da semelhança das imagens, elas geralmente representam as coisas ou as pessoas com que se parecem. A distinção é entre estrutura e função, entre natureza e tarefa.

O rei Nabucodonosor criou uma imagem de si mesmo para representá-lo. Quando as pessoas adoravam a imagem, estavam desse modo expressando sua lealdade ao rei (Dn 3.1-6).

As imagens eram entendidas dessa maneira no mundo antigo, Claramente, uma noção semelhante é expressa em Gênesis 1.28, porque ali Deus dá a Adão a tarefa de encher e sujeitar a terra.

Essas tarefas são semelhantes ao que o próprio Deus faz no mundo. Deus quer ser conhecido como Senhor, o que expliquei em termos de controle, autoridade e presença.

Em Gênesis 1.28 Deus dá a Adão o “domínio”, um tipo de senhorio subordinado ao do próprio Deus. O homem (genérico) é o rei vassalo do universo. Sujeitar a terra é estender o controle humano sobre o mundo.

Também envolve autoridade: Deus dá a Adão o direito de dar nome aos animais, o que, no mundo antigo, é um exercício de autoridade (Gn 2.19-20; cf. 2.23; 3.20). A humanidade também deve “encher” a terra, ou seja, tornar sua presença sentida em todos os lugares.

Esse mandato de domínio continua depois da queda; isso está claro em Gênesis 9.1-3. Todavia, o pecado impede grandemente a realização do propósito divino no mandato, que é o de encher a terra e sujeitá-la a pessoas que o glorifiquem.

Logo, o NT coloca ênfase na Grande Comissão (Mt 28.18-20), que também é uma ordem de encher e sujeitar; mas, nesse caso, por meio do evangelho salvador de Jesus Cristo.

Por meio da autoridade soberana de Jesus (v. 18), o povo de Deus deve estender seu controle, sua autoridade e sua presença pelo mundo todo. Somos os “embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio” (2Co 5.20; cf. Fp 2.14-15).32

Consequentemente, temos as doutrinas bíblicas da filiação, adoção e herança (Jo 1.12; Rm 8.14-17; G1 3.26-29; Hb 2.10; 1Jo 3.1-3). Nessas questões, homem e mulher participam igualmente.

As Escrituras não fazem nenhuma distinção sexual. De fato, Gálatas 3.26 (“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”) precede por dois versículos o famoso “nem homem nem mulher”. Como vimos, tanto o homem quanto a mulher recebem igualmente o mandato original de domínio (Gn 1.27-28).

Esse fato conflita com a autoridade dos homens sobre as mulheres em casa e na igreja? Acredito que não. A autoridade e a subordinação não são, no abstrato, incoerentes entre si.

É possível ter autoridade sobre uma esfera, mas não sobre outra; ou ser uma autoridade num aspecto, mas subordinado em outro. Os homens governam individualmente algumas áreas, mas estão sujeitos aos que estão em autoridade acima deles.

O próprio Jesus é tanto Senhor quanto servo.

Logo, a própria autoridade humana é sempre uma autoridade que serve, uma autoridade com responsabilidade para com aqueles sob autoridade (como em Mt 20.25-28; Jo 13.12-17; Ef 5.22-6.9).

Portanto, quando as Escrituras falam da primazia do homem sobre a mulher, geralmente coordenam esse ensino com reflexões sobre a dependência mútua dos sexos (como em 1Co 7.3; 11.11-12).

As mulheres certamente compartilham da autoridade dada a Adão. Junto com os homens, foram criadas para governar a terra (Gn 1.27-28; 1Co 3.21).

Individualmente, elas recebem autoridade em várias esferas: mães sobre filhos (Ex 20.12), mulheres mais velhas que treinam as mais novas (Tt 2.4). Em alguns casos, as mulheres administram uma empresa familiar (Pv 31.10 31).

As mulheres exercem autoridade sobre todos como profetisas de Deus (Jz 4.4; At 2.17; 21.9; 1Co 11.5,10 [“sinal de autoridade”]). Também estão sob a autoridade humana, com certeza; mas os homens também estão.

Citando Mateus 8.9, Stephen B. Clark observa corretamente que a autoridade de uma pessoa, longe de conflitar com a submissão a uma superior, geralmente encontra sua fonte nessa submissão.

Os profetas tinham autoridade porque estavam sob a palavra autoritativa de Deus. Os reis, os sacerdotes e os pais também têm autoridade porque Deus assim decretou. Os apóstolos tinham autoridade por causa da sua obediência à comissão de Jesus.

Lembre-se da minha observação anterior de que a cobertura da cabeça da mulher (1Co 11.10), um sinal de submissão, também é um sinal da sua própria autoridade como profetisa. autoridade

Resumo e conclusão

As mulheres e os homens refletem igualmente a Deus, mesmo nas suas diferenças sexuais, mesmo nas suas diferenças quanto a autoridade e submissão.

A razão é que a imagem de Deus abrange tudo que é humano. Portanto, tanto os homens quanto as mulheres assemelham-se a Deus e são chamados para representá-lo por toda a criação, exercendo controle, autoridade e presença em seu nome.

Essa doutrina não é nem um pouco incoerente com a subordinação das mulheres aos homens em casa e na igreja. Todos os seres humanos estão sob autoridade, tanto divina quanto humana. Sua submissão à autoridade, assim como sua própria autoridade, reflete a Deus.

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