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Aplicações da vocação divina

Como mencionei antes, nas Escrituras, o termo vocação nem sempre se refere à vocação eficaz. Os escritores bíblicos também usam esse termo para chamados mais específicos de Deus.

Isso porque, como Deus nos chama à comunhão com Cristo, ele também nos chama para desempenharmos papéis específicos comunhão.

É útil pensar neles como John Murray, como “aplicações” do chamado divino, e não como chamados à parte.

Afinal de contas, nesses chama dos adicionais, Deus está estabelecendo quais papéis devemos desempenhar na comunhão com Cristo. Ele especifica onde devemos ser posicionados na comunhão do Senhor Jesus Cristo.

A Bíblia fala da vocação para o oficio da igreja:

“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o Deus” (Rm 1.1; cf. 1Co 1.1).

O termo também é usado para a vocação do evangelho, o convite a todas as pessoas para colocarem sua fé em Cristo.

Nesse sentido, Deus (geralmente por meio da pregação) chama algumas pessoas que ainda não estão realmente salvas, assim como algumas que estão.

Lembre-se de que a vocação eficaz não pode ser resistida, mas a vocação do evangelho pode e muitas vezes é.

Assim, “muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mt 22.14). Lembre-se do tom de súplica na voz da sabedoria em Provérbios 8.4-5:

“A vós outros, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens. Entendei, ó simples, a prudência; e vós, néscios, entendei a sabedoria”.

Os teólogos também usam a terminologia bíblica da vocação para se referir à ocupação, aos relacionamentos e às responsabilidades específicas em que Deus nos colocou, como o casamento, o celibato ou uma profissão.

Às vezes, eles invocam 1Coríntios 7.20-24 como referência à vocação nesse sentido:

“Cada um permaneça na vocação em que foi chamadoFoste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade.

Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo.

Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens. Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado”.

Nessa interpretação, escravidão e liberdade (e, no contexto, casamento e celibato) são vocações de Deus. Todavia, estou inclinado a entender “chamado” nessa passagem como referência à vocação eficaz.

Então, Paulo está afirmando a essas pessoas que enfrentam um sofrimento único para permanecerem na caminhada da vida em que estavam quando Deus as chamou à comunhão com Cristo.”

Naturalmente, a diferença entre as duas interpretações não é grande

Nossa caminhada atual de vida (celibato, casamento, agricultura, carpintaria) nos é dada pela providência de Deus; em alguns casos, como na situação de Corintios 7, ela é normativa; é a caminhada de vida na qual devemos permanecer.

E, se não devemos equiparar vocação com ocupação, certamente não é errado achar referências à ocupação no que Paulo fala sobre a caminhada da vida.

Portanto, não é surpreendente que Martinho Lutero e outros tenham interpretado a pro fissão de uma pessoa como o seu chamado divino.

Certamente há uma analogia entre a vocação eficaz de Deus e a obra providencial de Deus de levar alguém a uma profissão especifica.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “Teologia Sistemática” de John Frame que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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