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A Justificação – Entenda Porque Nos Tornamos Justos Para Deus

Dr. Gregg R. Allison diz que a justificação é o poderoso ato de Deus pelo qual ele declara que pessoas pecadoras não são culpadas, mas justas, ao imputar-lhes a perfeita justiça de Cristo.

A culpa dos pecadores diante de Deus e o fato de serem passíveis de condenção são a razão pela qual a justificação pela fé é necessária. A justificação é uma declaração legal por meio da qual Deus declara que pessoas pecadoras não são culpadas, mas justas.

A justificação consiste em dois aspectos: o perdão dos pecados (a declaração “não culpado”) e a imputação da justiça perfeita de Cristo (a declaração “justo”).

Justificação somente pela graça de Deus, somente por meio da fé, somente pelos méritos de Cristo foi o princípio material (o principal conteúdo doutrinário) da Reforma. Essa doutrina protestante contrasta fortemente com a doutrina católica da justificação.

A Justificação – Entendendo a Doutrina

Segundo Gregg R. Allison como um poderoso ato divino na salvação de pecadores, a justificação é a obra de Deus que os declara como isentos de culpa e justos.

É um aspecto da salvação diferente da regeneração, da adoção e de outras poderosas obras divinas.

A justificação é a base legal que permite que nos coloquemos diante de Deus como pessoas perdoadas e totalmente justas.

O pano de fundo para a justificação é a perfeita retidão de Deus e o fato de que os decaídos portadores de sua imagem são culpados e passíveis de sofrer condenação por causa de sua pecaminosidade.

O sacrifício expiatório de Cristo remove a culpa e a condenação.

Uma das aplicações da obra expiatória de Deus em Cristo é a justificação. Esse é o ato poderoso pelo qual pecadores condenados são declarados por Deus como não culpados e justos.

É um pronunciamento legal, uma declaração que muda o status de pessoas pecadoras diante de Deus, mas não muda seu caráter (a regeneração e a santificação lidam com essa realidade transformadora).

A justificação tem dois aspectos.

O primeiro é o perdão dos pecados. Com base na morte substitutiva de Cristo, Deus declara os perdoados “inocentes”.

Cristo sofreu o castigo no lugar deles, e, portanto, não mais estão sob condenação. O segundo aspecto é a imputação.

Com base na perfeita justiça de Cristo, Deus os declara completamente justos, imputando-lhes ou creditando-lhes a justiça de Cristo.

Assim, embora não sejam realmente justos, Deus os vê como tais por causa da justiça de Cristo que lhes é atribuída.

De acordo com Martinho Lutero, a justificação é uma “doce troca” entre Cristo e um pecador, a quem Lutero exortava a orar: “Senhor Jesus, tu és a minha justiça e eu sou o teu pecado.

Tu assumiste o que não eras e me deste o que eu não sou”. O pecado é trocado pela justiça.

É importante notar que Lutero fez distinção entre dois tipos de justiça: a primeira é a justiça alheia, ou a justiça de outro — nesse caso, a justiça de Jesus Cristo.

Ela é externa às pessoas, vindo de fora, por meio do evangelho. É essa justiça alheia que é imputada na justificação.

A segunda é a justiça ativa, que é própria aos crentes quando praticam boas obras, com base na justiça alheia que lhes pertence pela fé.

A ordem é fundamental

rimeiro, a justiça alheia; depois, a justiça ativa. Assim, boas obras não contribuem de forma alguma para a justificação.

Mas fluem e são evidência da justificação pela fé somente, pois os que são justificados realizam boas obras por gratidão a Deus e à sua graça.

É importante distinguir entre o fundamento da justificação e sua apropriação. O fundamento é a graça de Deus, especificamente a provisão da obra de Cristo para remover a culpa e a condenação.

A apropriação é a fé em Cristo e em sua obra de salvação. Portanto, a fé em si não salva; em vez disso, Deus salva por meio de sua oferta graciosa da morte substitutiva de Cristo. Essa salvação gratuita é apropriada pela fé.

A fé é a recepção do dom da salvação

É importante ressaltar que a justificação pela graça, recebida pela fé, é o oposto de justificação por obras/mérito.

Na época da Reforma, um importante ponto de divisão entre a teologia católica romana e a nova teologia protestante foi a doutrina da justificação.

De fato, a justificação somente pela graça de Deus, somente por meio da fé e somente pela obra de Cristo foi o princípio material (o principal conteúdo doutrinário) do protestantismo.

Esse princípio é oposto à doutrina católica de que a justificação “não é simplesmente remissão [perdão] dos pecados, mas também a santificação e a renovação do homem interior”.

O Que é a Justificação Segundo as Religiões

1 Essa ideia católica mistura justificação, regeneração e santificação, tornando-se algo que não está em acordo com as Escrituras.

É importante fazer uma distinção entre imputação e infusão. Imputação é a obra divina de creditar a justiça de Cristo às pessoas que creem nele.

A imputação é diferente da infusão, que é a obra divina de acrescentar ou adicionar graça às pessoas que creem.

Segundo a teologia católica romana, a infusão é especialmente realizada por meio dos sete sacramentos. Pela infusão, o caráter do fiel é transformado.

A teologia protestante adota a imputação da justiça e rejeita a infusão da graça da teologia católica.

Base bíblica

A Escritura ressalta o estado precário dos pecadores diante de Deus. Eles são injustos, como enfatiza a litania de Paulo com citações do Antigo Testamento, que começa com “Ninguém é justo, não, nem um sequer” (Rm 3.10).

O terrível estado em que se encontram requer a obra de Cristo, que “sofreu uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1Pe 3.18).

Essa doce troca significa que o julgamento que leva à condenação por causa do pecado de Adão é substituído pela justificação por causa da justiça de Cristo:

“Pois o juízo que se seguiu a uma só transgressão trouxe condenação, mas a dádiva gratuita que se seguiu a muitas transgressões trouxe justificação” (Rm 5.16; cf. v. 18).

Para executar sua expiação substitutiva, Cristo recebeu a penalidade do pecado, de modo que “agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Em vez de condenação, justificação

Esse contraste entre justificação e condenação ressalta que a justificação, assim como a condenação, é uma declaração legal sobre a culpa.

O Antigo Testamento apresenta a justificação como um pronunciamento de que uma pessoa está em harmonia com as exigências da lei e, portanto, é declarada justa (Dt 25.1; Pv 17.15).

Semelhantemente, o Novo Testamento afirma que a justificação é um ato declarativo oposto à condenação (Rm 8.33,34).

De fato, a injustiça da humanidade pecadora é vencida pela justiça de Deus por intermédio do sacrifício expiatório de Cristo (Rm 3.20-28), “para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (3.26).

Assim, é pela fé que nos apropriamos da justificação. O pecador crê em Cristo e é considerado justo.

Isso é diferente da justificação pelas obras, em que o pecador tenta merecer o favor de Deus por meio da prática de boas ações ou obedecendo a mandamentos da lei, e não consegue alcançar a justiça que salva (Rm 3.20; Tt 3.7; Ef 2.8,9).

É importante ressaltar que os que são justificados pela fé independentemente das obras se dedicam às boas obras como fruto e evidência de sua justificação (Tg 2.18-26).

A obra divina de imputar justiça pela fé é exemplificada por Abraão

Antes de praticar boas obras e independentemente da lei (que ainda não existia), Abraão creu na promessa de Deus pela fé, e Deus o considerou justo (Rm 4).

Abraão era um pagão que estava a ponto de constituir Eliezer como herdeiro (Gn 15.1-6), mas confiou na promessa de que Deus lhe daria um filho.

Assim, Deus “justifica o ímpio” (Rm 4.5) imputando-lhe a justiça de Cristo, recebida pela fé.

Portanto, Deus realiza uma obra de imputação, creditando retidão àqueles que creem, e não de infusão, que seria conferir graça por intermédio dos sacramentos, como defende a Igreja Católica.

A justificação é declarativa, não transformadora (embora Deus também mude a natureza humana).

Misturar a justificação declarativa com a regeneração e a santificação transformadoras (que Deus também realiza) resulta na concepção da salvação.

Como um processo que dura a vida inteira e durante o qual se obtém justiça crescente por meio da graça dos sacramentos, conquistando- se por mérito a vida eterna. Essa ideia não tem fundamento bíblico.

Principais erros

1. Entender a justificação de uma forma que não é bíblica. A teologia católica comete vários erros: um é a união do perdão dos pecados com a regeneração e a santificação, tornando a justificação um processo transformador, em vez de uma declaração.

Um segundo erro é minimizar ou negar a imputação. Assim, a salvação para o catolicismo é a interminável transformação do caráter, sem qualquer garantia de que alguém seja suficientemente justo para ser justificado diante de Deus.

Mas a justificação é uma declaração, o que significa que o status da pessoa diante de Deus é o de ser considerada plenamente justa.

Um terceiro erro é a afirmação de que o protestantismo separa a justificação e a santificação, de modo que uma pessoa pode afirmar ser salva e, ainda assim, viver uma vida indigna.

Mas o protestantismo, embora realmente faça distinção entre esses dois poderosos atos divinos, afirma que aqueles a quem Deus justifica, ele também santifica.

Deus pretende continuar sua obra de salvação com aqueles a quem justifica, de modo que eles realmente perseverarão na fé e praticarão boas obras.

2. Redefinir justificação, acusando os reformadores de a terem entendido de forma equivocada (a “nova perspectiva”).

De acordo com essa corrente, a justiça de Deus não diz respeito à imputação da justiça de Cristo aos pecadores, mas, sim, à fidelidade aliancística de Deus para com suas promessas.

Desse modo, a doutrina da justificação não diz respeito aos pecadores serem aceitos por Deus, mas à identificação dos verdadeiros membros da comunidade da aliança.

Essa “nova perspectiva” erra em sua compreensão das ideias bíblicas de justificação, imputação, fé e obras. Além disso, entende mal o debate da Reforma sobre a justificação.

3. Iniciativas ecumênicas que procuram minimizar a grande diferença entre as doutrinas católica e protestante da justificação.

A Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação (firmada pela Irmandade Luterana Mundial e pela Igreja Católica Romana) enumera os pontos em comum entre as duas tradições, embora reconheça as divergências.

Contudo, presta um desserviço ao enfatizar as semelhanças e minimizar as diferenças.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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