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A Natureza Humana

Teologia ao Alcance de Todos

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A natureza humana consiste em um aspecto material (o corpo) e de um aspecto imaterial (alma, espírito), unidos em uma só pessoa.

A natureza humana é complexa, consistindo de dois elementos: material e imaterial. Sendo complexa, a natureza humana é diferente da natureza simples de Deus e dos anjos.

Existem duas ideias principais sobre a complexidade da natureza humana: a tricotomia e a dicotomia.

As duas concepções são opostas ao monismo, a crença de que a natureza humana é simples, sendo apenas material.

O que Podemos Aprender Sobre Nossa Existência

Durante esta existência terrena, os aspectos material e imaterial são inseparáveis; após a morte, o elemento material (o corpo) é descartado.

Enquanto a pessoa imaterial continua a existir; após a ressurreição, os dois aspectos serão reunidos e a pessoa existirá eternamente como uma unidade material-imaterial.

Há uma pequena divergência acerca da origem do elemento imaterial, sendo o criacionismo e o traducianismo posições opostas. O estado próprio dos seres humanos é a corporeidade.

ENTENDENDO A DOUTRINA

Uma das perguntas que as pessoas mais fazem é: “O que é uma pessoa?”. A Escritura indica que o ser humano é uma realidade complexa que consiste em dois aspectos diferentes, embora intimamente relacionados.

Um elemento material, que é o aspecto físico, ou corpo, e um elemento imaterial, que é o aspecto espiritual, chamado de alma ou espírito (esses dois termos às vezes são diferenciados, veja abaixo).

Essa natureza complexa significa que os seres humanos são fundamentalmente diferentes de Deus, cuja natureza é simples e imaterial e que está presente em todos os lugares.

Significa também que os seres humanos são fundamentalmente diferentes dos anjos, cuja natureza é simples e imaterial.

Mas que são diferentes de Deus por não estarem em todo lugar ao mesmo tempo, mas, sim, localizados no espaço em cada intervalo de tempo.

O Cristão e a Natureza Humana

Conquanto todos os cristãos concordem sobre o componente material da natureza humana (o corpo), há discordância sobre o componente imaterial.

Essa discordância leva a duas concepções principais da complexidade da natureza humana: tricotomia e dicotomia.

A tricotomia (lit., “divisão em três partes”) acredita que a natureza humana consiste em três aspectos: um elemento material, o corpo, e dois elementos imateriais, a alma e o espírito.

A alma abrange o intelecto, as emoções e a vontade. O espírito é a capacidade de se relacionar com Deus, que é de natureza espiritual.

A dicotomia (lit., “divisão em duas partes”) acredita que a natureza humana consiste em dois aspectos: um elemento material, o corpo.

E um elemento imaterial, que é a alma ou espírito (sendo os dois termos sinônimos que designam o componente imaterial).

As Concepções do Ser Humano

As duas concepções, que são versões do dualismo, rejeitam o monismo, a posição de que a natureza humana é simples, e não complexa.

Se a natureza humana é só material, então a pessoa é completamente identificada com seu corpo, de modo que, após a morte, ela não mais existe — na verdade, não pode mais existir.

O monismo materialista acredita que as propriedades que costumavam ser consideradas a esfera da alma — consciência, racionalidade, moralidade, fé — são, em última análise, explicadas por processos físicos no cérebro e no sistema nervoso central.

O monismo é contradito pela afirmação bíblica de que os crentes continuam a existir em um estado incorpóreo no céu, após a morte.

Essa última afirmação leva à consideração da natureza humana em suas diferentes fases

Durante esta existência terrena, os aspectos material e imaterial estão inseparavelmente unidos.

Aliás, exatamente quais das várias capacidades — consciência, mente, emoções, vontade, senso moral, motivações, atividades — devem-se ao(s) elemento(s) imaterial(is) e quais devem-se ao elemento material é um mistério.

Após a morte, o elemento material é descartado, e o corpo é geralmente enterrado ou cremado. A pessoa imaterial continua a existir no estado intermediário: o crente sem corpo no céu e o incrédulo sem corpo no tormento.

Depois da ressurreição do corpo, os aspectos são reunidos: o crente com corpo físico, restaurado à sua unidade material-imaterial.

No novo céu e na nova terra, e o incrédulo similarmente reconstituído, mas lançado no lago de fogo.

A Natureza Humana e a Igreja

Embora a discordância sobre a origem do elemento imaterial da natureza humana tenha sido forte durante a maior parte da história da igreja, hoje ela constitui um problema menor.

A teoria da preexistência da alma deve ser imediatamente descartada: Orígenes defendia que, antes de Deus criar este mundo material visível em que vivemos.

Ele criou um mundo invisível e espiritual, povoado por almas boas que, depois de caírem no pecado, são unidas aos corpos, tornando-se seres humanos. Isso não tem apoio bíblico.

O criacionismo é a ideia de que Deus cria uma alma e depois a une a um corpo, que é gerado pelos pais por meio da procriação.

O traducianismo é a ideia de que tanto a alma quanto o corpo são gerados por meio da procriação pelos pais.

O Projeto de Deus 

Seguindo o projeto de Deus, e conforme demonstrado acima, o estado próprio dos seres humanos é a corporeidade.

Nesta existência terrena e no estado eterno, os seres humanos são corpóreos. As pessoas são incorpóreas somente durante o estado intermediário, uma condição que se dá por causa do pecado e, portanto, um estado anormal.

A ideia de que a corporeidade é o estado normal da existência humana enfrentou inúmeras contestações ao longo da história da igreja.

Por um lado, a igreja foi profundamente influenciada pela filosofia de Platão, expressa no gnosticismo, que opunha o aspecto material inerentemente mau, o corpo, ao aspecto imaterial inerentemente bom, a alma ou espírito.

Essa noção resultou na depreciação do corpo. Essa depreciação manifestou-se no monasticismo e na promoção do ascetismo, tratamento severo do corpo que lhe negava prazeres físicos legítimos, como comida, bebida, sono e relações sexuais.

Além disso, à medida que a imoralidade sexual se tornou desenfreada, o apreço da igreja pela humanidade de Jesus sofreu, a honra do casamento sofreu, e o clero, que jurou celibato, sofreu.

A Igreja e o Mundo Físico

Por outro lado, a igreja chamou a atenção para o fato de que a criação do mundo físico, que incluiu a formação de seres humanos como criaturas corpóreas, foi considerada por Deus como algo bom.

Além disso, tanto a encarnação do Filho como o Deus-homem quanto sua ressurreição ressaltam a importância da corporeidade.

Assim também fazem a futura ressurreição do corpo e a nova criação, a qual será um mundo fisicamente restaurado.

Tudo isso contradisse a noção gnóstica da maldade inerente à existência material e enfatizou que a corporeidade é o estado que Deus designou para a existência humana.
Base bíblica

A Bíblia não faz nenhuma declaração direta sobre a natureza humana, de modo que as inferências sobre esse assunto são extraídas de vários textos

O apoio à complexidade da natureza humana é extraído da afirmação de Paulo sobre o estado intermediário (2Co 5.1-9).

Ele diz que há dissolução física após a morte (“se/quando a tenda que é nossa casa terrena for destruída”; v. 1); assim, os crentes vêm a ser incorpóreos (“nus”, “despidos”; v. 3,4).

No entanto, eles estão presentes com Cristo (“ausentes do corpo e presentes com o Senhor”; v. 8; cf. Fp 1.23).

Somente alguma forma de dualismo — tricotomia ou dicotomia — que inclua alguma ideia da complexidade da natureza humana pode explicar a existência continuada após a morte em um estado incorpóreo no céu.

A Doutrina da Triconomia

Em apoio à tricotomia, os proponentes usam o fato de que Paulo menciona três elementos em sua oração: “… e o vosso espírito, alma e corpo sejam mantidos plenamente irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

Outra passagem faz também uma distinção entre alma e espírito (Hb 4.12). Se acrescentarmos o corpo a esses dois elementos, teremos o apoio necessário para a tricotomia.

Os proponentes da dicotomia apontam para a advertência de Jesus, que menciona dois elementos: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; pelo contrário, temei aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28).

Paulo, da mesma forma, concentra-se em dois componentes — espírito e corpo (1Co 5.3,5).

Os dicotomistas também defendem a permutabilidade de “alma” e “espírito” (Lc 1.46,47; compare Jo 12.27 com 13.21).

Esses dois termos, sendo sinônimos, referem-se a um componente da natureza humana — o aspecto imaterial.

Principais erros

1. A exaltação do aspecto imaterial da natureza humana acima do aspecto material, resultando em um menosprezo ou mesmo ódio ao corpo humano.

A igreja tem recursos, mencionados acima, para combater esse erro gnóstico, de modo que precisa recuperar o bom conceito acerca da criação e da corporeidade humana, cultivando a esperança na ressurreição do corpo e na futura restauração do mundo físico.

2. A negação do elemento imaterial da natureza humana, resultando na rejeição da doutrina tradicional da existência no estado intermediário após a morte.

Naturalmente, se a pessoa humana é apenas o seu corpo, ela não pode continuar a existir após a morte, que é a cessação do funcionamento de seu organismo físico.

O monismo materialista é contestado pela afirmação bíblica do estado intermediário e pela doutrina da ressurreição.

3. A confusão sobre identidade de gênero que ocorre atualmente, com a opção pelas cirurgias de “mudança de sexo”.

O distúrbio psicológico da disforia de gênero é um sentimento de confusão ou angústia em virtude da desconexão entre o sexo biológico de uma pessoa e sua identidade emocional: alguém cujo sexo biológico é masculino se sente mulher, ou vice-versa.

A disforia de gênero pode levar ao transgenerismo ou à mudança física para o sexo oposto. Essa desordem e suas consequências vão contra a natureza humana criada por Deus.

Como é um problema complexo, as pessoas que o experimentam precisam de cuidados compassivos da igreja, que deve apontar para a esperança do evangelho.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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