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A Obra de Jesus Cristo – O Filho de Deus

Expiação é a morte do Filho de Deus encarnado na cruz e o que essa morte realizou. Expiação é o que a morte de Jesus realizou.

Ela consiste em cinco aspectos: propiciação, expiação, redenção, reconciliação e vitória cósmica.

A extensão da expiação é uma questão controversa. A igreja desenvolveu diversos modelos de expiação de Jesus o Filho de Deus.

Entendendo a Doutrina da Obra de Jesus Cristo

O capítulo anterior, “Os ofícios do Filho de Deus”, listou as obras de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei.

Este capítulo concentra-se em sua expiação, seu trabalho na cruz. Como o tão esperado Profeta, Sacerdote e Rei, Jesus se ofereceu como expiação pelo pecado.

A expiação é a morte na cruz do Deus-homem, Jesus Cristo, e o que essa morte realizou. Por causa da pecaminosidade humana, é necessário um sacrifício pelo pecado para evitar a condenação e restaurar o relacionamento das pessoas com Deus.

Os sacrifícios da antiga aliança faziam uma expiação provisória, aguardando a obra de Cristo que faria a expiação completa e para sempre.

No âmago da morte de Cristo está a substituição penal, explicada em sete afirmações:

(1) a expiação é fundamentada na santidade de Deus, que, sendo perfeitamente santo, odeia e pune o pecado. Assim, o pecado da humanidade contra o Deus santo requer a expiação

(2) É uma obra objetiva, não subjetiva. A expiação é o que Cristo realizou por meio de sua morte, não a sua aplicação (que é outra obra divina).

(3) Uma penalidade pelo pecado deve ser paga, e paga integralmente.

(4) Nenhuma pessoa pecadora pode pagar por seu próprio pecado e ser salva. Pelo contrário, a pena é a morte.

(5) Somente Deus pode pagar a penalidade pelo pecado e resgatar pessoas pecadoras, mas ele tem que participar da natureza humana para poder salvá-las.

(6) O Deus-homem, Jesus Cristo, pagou a penalidade pelo pecado.

(7) A expiação tinha que ser realizada dessa maneira.

A expiação pode ser vista de cinco perspectivas:

(1) Propiciação:

A morte de Cristo aplacou a ira de Deus contra pessoas pecadoras. No cerne da propiciação está a justiça retributiva:

Como Deus é justo, ele tem que punir totalmente o pecado. Deus aplicou misericordiosamente essa punição ao derramar sua ira sobre seu Filho.

(2) Expiação purificadora:

A morte de Cristo removeu a responsabilidade penal de sofrer o castigo eterno por causa do pecado e da culpa.

Algumas pessoas se opõem à ideia de propiciação, insistindo em afirmar que, em vez disso, a morte de Cristo foi um sacrifício expiatório.

A Escritura afirma as duas coisas. Como expiação purificadora, a morte de Cristo purifica pessoas pecadoras pela remoção e perdão dos pecados.

(3) Redenção

Esse aspecto da morte de Cristo se destaca contra o pano de fundo da escravidão, pois os seres humanos são escravos do pecado.

É preciso que alguém pague um resgate e liberte os escravos dessa escravidão. O sangue de Cristo é o preço do resgate pago.

A redenção como libertação da escravidão começa nesta vida e, finalmente, inclui a ressurreição do corpo.

(4) Reconciliação:

Esse aspecto da morte de Cristo é posto contra o pano de fundo da inimizade.

Por causa do pecado humano, há hostilidade entre Deus e os seres que portam a sua imagem.

É preciso que alguém remova esse antagonismo e restaure a paz entre as duas partes em conflito. Cristo é o mediador, e sua morte é o meio de reconciliação.

(5) Vitória cósmica: 

A morte de Cristo derrotou ou venceu o pecado, a morte, a maldição da lei, Satanás e os demônios.

O debate sobre a extensão da expiação tem envolvido, historicamente, duas perspectivas. Expiação limitada é a perspectiva de que Cristo morreu com a intenção de realmente e certamente salvar apenas os eleitos.

A expiação ilimitada é a perspectiva de que Cristo morreu com a intenção de que sua morte fosse o pagamento pelo pecado para todos, tornando possível que qualquer pessoa fosse salva.

Uma versão recente, a tese das múltiplas intenções, defende que Deus teve múltiplas intenções, que realizou por meio da morte de Cristo

Cristo morreu com o propósito de:

  • (1) assegurar a salvação dos eleitos;
  • (2) pagar a penalidade pelos pecados de todos, tornando possível a todos os que creem serem salvos;
  • (3) reconciliar todas as coisas com Deus.

Além da substituição penal, a igreja desenvolveu vários modelos ou teorias sobre o que a morte de Cristo realizou.

1. Teoria da recapitulação

Como Segundo Adão, Jesus recapitulou, ou resumiu, todos os eventos da vida da humanidade decaída.

No entanto, em vez de repetir o pecado de Adão e viver esses eventos em desobediência a Deus, Cristo os viveu obedientemente. Assim, ele inverteu a direção pecaminosa em que as pessoas estavam indo.

2. Teoria do resgate pago a Satanás

Satanás usurpou a propriedade dos seres humanos que pertencia legitimamente a Deus; assim, eles pertencem ilegitimamente a Satanás.

A morte de Cristo foi o resgate pago para libertar as pessoas dessa escravidão espúria, e esse resgate foi pago a Satanás.

3. Teoria da satisfação

O pecado está roubando a honra de Deus. As pessoas devem satisfações por seu pecado: elas têm que pagar a honra que roubaram de Deus — na verdade, pagar mais do que isso.

Porém, elas não têm como pagar essa dívida, pois tudo o que poderiam usar como pagamento já é devido a Deus.

Somente o Deus-homem pode oferecer satisfação. Ao morrer, Jesus deu algo que ele não devia a Deus

  • — a obrigação de morrer
  • — e, assim, obteve uma recompensa.

Cristo deu essa recompensa como satisfação pelo pecado das pessoas.

4. Teoria da influência moral

As pessoas precisam que seu amor por Deus seja estimulado. É preciso que haja uma exposição persuasiva do amor de Deus para estimular esse amor.

A morte de Cristo proporcionou essa demonstração de amor divino, que, por sua vez, estimula as pessoas a amarem a Deus.

5. Teoria governamental

Deus é o governador do Universo, e o amor pelos seres humanos pecadores é seu maior atributo.

Em sua misericórdia, Deus relaxou as exigências de sua lei, mas permaneceu santo mantendo-a em certo grau.

A morte de Cristo enfatizou que a lei tem que ser cumprida, mas não atendeu aos requisitos exatos da lei (que tinham sido relaxados).

Assim, Cristo morreu, não como uma satisfação plena pela penalidade exata da lei, mas como um sinal da preocupação de Deus em manter sua lei.

6. Modelo Christus Victor

Esse modelo tem elementos da vitória cósmica (descritos acima) e tem alguma semelhança com a teoria do resgate pago a Satanás.

Base bíblica

O apoio bíblico para a morte de Cristo como substituição penal é duplo. Primeiro, Cristo é um substituto, como demonstram as muitas afirmações de que sua morte foi “por nós” e “por nossa causa”.

“Deus mostra seu amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8; cf. 8.32; 2Co 5.21; 8.9; 1Pe 3.18).

Segundo, Cristo leva sobre si a penalidade do pecado como um sacrifício

Imagens do Antigo Testamento transmitem essa ideia: “Cristo, nosso Cordeiro da Páscoa, foi sacrificado” (1Co 5.7).

É verdade, ele se sacrificou de uma vez por todas, diferentemente dos muitos sacrifícios repetidos sob a antiga aliança (Hb 9.26; 10.12).

Esses dois aspectos do pagamento de penalidade e da substituição sacrificial são apresentados em conjunto.

“Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício com aroma suave a Deus” (Ef 5.2). Assim, a morte de Cristo foi uma substituição penal pelos pecados da humanidade caída.

O apoio bíblico para as várias facetas da expiação é extenso

(1) A morte de Cristo é apresentada como uma propiciação contra o pano de fundo do Antigo Testamento.

O sangue dos sacrifícios era aspergido no propiciatório, aplacando, assim, a ira de Deus e assegurando a misericórdia (Lv 16.11-17).

O Novo Testamento apresenta a morte de Cristo como “a propiciação […] pelos pecados do mundo” (1Jo 2.2) e “propiciação por seu sangue” (Rm 3.25,26).

(2) A morte de Cristo foi uma expiação purificadora, novamente contra o pano de fundo veterotestamentário do sangue dos sacrifícios, que cobria os pecados do povo de Deus e o limpava para evitar o julgamento iminente (Lv 16).

O Novo Testamento destaca o sacrifício expiatório de Cristo de uma vez por todas, purificando as pessoas pelo perdão dos seus pecados (Hb 9.6-15; 10.5-18).

(3) A morte de Cristo é apresentada como redenção por meio da imagem de pessoas cativas no mercado de escravos do pecado.

A única maneira de ser libertado é por meio do pagamento de um resgate. Como o próprio Jesus afirmou:

“O Filho do homem veio […] para dar a vida como resgate de muitos” (Mc 10.45). Especificamente, o preço do resgate era o “precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha” (1Pe 1.19; cf. Ef 1.7).

(4) A morte de Cristo representou a reconciliação contra o pano de fundo da inimizade entre Deus e os seres humanos pecadores.

Essa hostilidade ou separação precisa ser superada para que o relacionamento seja restaurado.

Deus agiu “por meio dele [Cristo] para reconciliar consigo todas as coisas […] trazendo a paz pelo sangue de sua cruz” (Cl 1.20; cf. 1Tm 2.5).

(5) A morte de Cristo obteve uma vitória cósmica sobre os inimigos de Deus e de seu povo: o pecado, que escraviza a humanidade (Rm 6.16; 8.2).

A morte, que é o “último inimigo” da humanidade (1Co 15.26); a lei (Rm 4.15; 5.20), que traz a morte (7.8-11); e Satanás com seus demônios (Hb 2.14,15).

Cristo venceu esses inimigos por meio de sua morte na cruz. Quanto ao debate sobre a extensão da expiação, cada posição arregimenta seu apoio bíblico e teológico.

O apoio bíblico para expiação limitada inclui

Afirmações de que Cristo morreu pelos eleitos (Rm 8.32,33; 2Co 5.14,15), um grupo particular de pessoas — suas ovelhas (Jo 10.11), sua igreja (Ef 5.25).

O apoio teológico recorre à concordância dentro da Trindade: os que o Pai se propôs salvar são as mesmas pessoas pelas quais Cristo veio morrer e as mesmas pessoas a quem o

Espírito aplica a salvação. Somente os eleitos estão em vista

O apoio bíblico para a expiação ilimitada inclui afirmações de que Cristo morreu por “todo mundo” (1Jo 2.2; cf. 2Co 5.17-21).

O suporte teológico inclui o seguinte: (1) o argumento do amor universal de Deus e de seu desejo de que todos sejam salvos (2Pe 3.9).

Que torna impossível que Cristo tenha morrido apenas por alguns; (2) o argumento da graça preveniente, que restaura em todos a capacidade de aceitar a salvação.

O suporte bíblico e teológico da tese das múltiplas intenções combina os argumentos mais fortes da expiação limitada com os argumentos mais fortes da expiação ilimitada.

Principais erros sobre a doutrina da obra do Filho de Deus

1. Entender a expiação como uma influência subjetiva (p. ex., acender o amor de alguém por Deus ou motivar a obediência), e não como uma realidade objetiva (o que a morte de Cristo fez). Essa posição confunde a realização da salvação com a aplicação da salvação.

2. Entender a expiação como um resgate pago a Satanás. Essa teoria não tem base bíblica. O resgate não foi pago a Satanás, mas a Deus.

3. A negação da justiça retributiva de Deus e da consequente necessidade de propiciação. Essa posição separa a expiação de seu contexto no Antigo Testamento, interpretando-a de acordo com valores culturais contemporâneos.

Por exemplo, uma elevação do amor de Deus acima de todos os seus outros atributos, um temor de que a punição do Pai aplicada a seu Filho seja uma forma de abuso infantil divino.

E a preocupação de que a submissão de Jesus ao espancamento e à crucificação encoraje a passividade diante da violência).

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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