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A Pessoa do Filho de Deus

O Filho de Deus é a segunda Pessoa da Trindade, igual ao Pai e ao Espírito Santo. Na encarnação, ele assumiu a natureza humana e se tornou o Deus-homem, uma Pessoa com duas naturezas.

O Filho de Deus é a segunda Pessoa da Trindade, compartilhando a natureza divina única. Sendo totalmente Deus, o Filho é igual ao Pai e ao Espírito Santo em natureza, poder e glória, mas é distinto deles no que diz respeito à sua relação eterna e às funções que desempenha.

Há dois mil anos, o eterno Filho de Deus tornou-se encarnado, assumindo uma natureza humana plena, e se tornou o Deus-homem, Jesus Cristo. Pela união hipostática, ele é totalmente Deus e totalmente homem, duas naturezas unidas em uma única Pessoa.

Essa cristologia clássica contraria várias heresias, tanto antigas quanto modernas. O Filho é digno de adoração, obediência, confiança e serviço.

Entendendo a Doutrina

O Filho de Deus é a segunda Pessoa da Trindade, existindo eternamente em conjunto com o Pai e o Espírito Santo, na única Divindade.

Ele é totalmente Deus, assim como o Pai e o Espírito, possuindo os mesmos atributos de independência, imutabilidade, onipresença, onipotência, onisciência, santidade, amor e muito mais.

Os três compartilham a essência divina. Assim, o Filho é totalmente Deus, coigual ao Pai e ao Espírito Santo.

O Filho é uma Pessoa distinta do Pai e do Espírito, diferente deles por sua relação eterna particular e seus papéis particulares.

No que diz respeito à relação, o Filho é eternamente gerado pelo Pai. Geração eterna não significa que o Pai criou o Filho.

Também não significa que o Pai lhe dá sua divindade, já que o Filho é Deus em si mesmo. Em vez disso, a geração eterna significa que o Pai lhe concede sua vida de filiação ou Pessoa-do- Filho.

Assim, ele é distinto do Pai. Ele também é distinto do Espírito, que eternamente procede do Pai e do Filho.

Outra distinção entre os três diz respeito aos papéis que desempenham

Embora o Pai, o Filho e o Espírito operem juntos e inseparavelmente, o Filho se envolve em ministérios específicos.

Esse tema é tratado no capítulo 20, “A obra do Filho de Deus”. Há dois mil anos, o Filho de Deus eternamente existente e plenamente divino assumiu uma natureza totalmente humana.

Essa encarnação foi uma união hipostática, a união das duas naturezas em uma única Pessoa (gr., hypostasis), Jesus Cristo.

Especificamente, o Filho preexistente tornou-se encarnado assumindo uma natureza humana completa — tanto o aspecto material (corpo) quanto o imaterial (alma).

O homem Jesus não tinha existência anterior à encarnação. Ele era anipostático: sem existência pessoal. O Filho não se uniu a um ser humano já existente.

Pelo contrário, a natureza humana existe na pessoa divina. Ela é enipostática: existe no Filho de Deus. O Filho assumiu uma natureza totalmente humana: corpo e alma.

Na encarnação, o Filho tornou-se e permanece para sempre o Deus-homem.

Quando Surgiu a Doutrina do Filho de Deus?

Foi a igreja primitiva que desenvolveu essa cristologia clássica, lidando diretamente com numerosos desvios doutrinários, tanto em relação à divindade plena de Cristo quanto à sua plena humanidade.

A mais alta expressão da cristologia clássica é o Credo de Calcedônia: Nosso Senhor Jesus Cristo é completo em divindade e completo em humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, consistindo também de uma alma racional e um corpo.

Ele é da mesma substância [homoousios] que o Pai, no que diz respeito à sua divindade, e, ao mesmo tempo, da mesma substância que nós [seres humanos], em relação à sua humanidade; ele é como nós em todos os aspectos, exceto o pecado.

No que diz respeito à sua divindade, ele é gerado do Pai, antes dos tempos. Contudo, no que diz respeito à sua humanidade, ele foi gerado, para nós e para nossa salvação, da Virgem Maria, a portadora de Deus [theotokos].

Ele é ao mesmo tempo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A distinção de naturezas não foi de forma alguma anulada pela união.

Ao contrário, as características de cada natureza foram preservadas e uniram-se para formar uma Pessoa e subsistência [hypostasis], não divididas ou separadas em duas Pessoas, mas em um único Filho, o Unigênito, a Palavra de Deus, o Senhor Jesus Cristo.

O Credo de Calcedônia contesta vários erros, tanto antigos quanto modernos

O docetismo negava a humanidade do Filho na encarnação. Seus dois principais pilares são:

  • (1) Jesus Cristo apenas parecia (gr., dokeō) homem;
  • (2) na verdade, era um espírito aparecendo como ser humano.

O arianismo negava a divindade do Filho. Seus principais dogmas são:

  • (1) Deus criou um Filho como o primeiro e mais importante de todos os seres criados.
  • (2) Por seu intermédio, Deus criou todo o resto, mas o Filho é um ser criado.
  • (3) O Filho não é eterno, o que significa que ele é heteroousios, de uma natureza diferente, e não homoousios, da mesma natureza do Pai.

O apolinarismo negava a plena humanidade do Filho encarnado

Seus dois princípios fundamentais são: (1) ao assumir a natureza humana, a Palavra de Deus só se uniu com a “carne” (Jo 1.14).

(2) A natureza humana de Cristo consistia apenas de um corpo humano, mas não de uma alma humana, que foi substituída pela Palavra divina.

O nestorianismo negava a união hipostática, ou seja, que o Cristo encarnado tem duas naturezas unidas em uma Pessoa. Seus dois pilares são:

  • (1) na encarnação, duas Pessoas distintas — uma divina, uma humana — trabalharam em conjunto;
  • (2) isso é verdade porque a união entre o divino e o humano envolveria uma mudança em Deus, o que é impossível.

O eutiquianismo também negava a união hipostática, e o fazia de duas maneiras. O principal dogma de uma dessas maneiras é que a natureza divina quase absorveu a natureza humana de Cristo, o que significa que sua natureza única é DIVINA HUMANA.

EM SUA SEGUNDA FORMA, O EUTIQUIANISMO SUSTENTA QUE AS NATUREZAS DIVINA E HUMANA SE FUNDIRAM, O QUE SIGNIFICA QUE A NATUREZA única de Cristo é divina.

O quenotismo, uma heresia moderna, negou a plena divindade do Filho na encarnação. O termo é derivado do verbo grego kenoō, que aparece em Filipenses 2.7: o Filho “esvaziou a si mesmo”.

Os principais dogmas do quenotismo são:

(1) na encarnação, o Filho de Deus não se desfez de seus atributos divinos essenciais, mas só dos atributos que estão relacionados com sua atividade no mundo: onisciência, onipresença e onipotência.

(2) Após a sua exaltação, o Filho novamente recuperou esses atributos.

Base bíblica

O Filho de Deus existe eternamente. Assim, a encarnação não é o começo de sua existência. Pelo contrário, ele é o Filho de Deus, eternamente gerado pelo Pai.

Jesus afirmou a sua geração eterna: “Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5.26).

O Pai gera eternamente a segunda Pessoa, a quem concede a Pessoa-do-Filho, ou a vida filial (cf. 1Jo 5.18).

A Escritura afirma a preexistência do Filho (antes de sua encarnação): “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1).

Quando Deus criou o Universo (“no princípio”, uma reminiscência de Gn 1.1), o Verbo já existia, distinto de Deus e num relacionamento com ele.

Além disso, esse Verbo era ele mesmo Deus. Aliás, foi por meio dele que o mundo foi criado (Jo 1.3; cf. Cl 1.15-20).

Foi essa Palavra preexistente que se tornou carne — assumiu a natureza humana — na encarnação (Jo 1.14).

Consequentemente, na encarnação, o Filho eterno, “existindo em forma de Deus”, recusou-se a manter egoisticamente seu status de “igual a Deus”.

Em vez disso, ele “esvaziou a si mesmo”, não cedendo ou sufocando atributos divinos como onipotência, onipresença e onisciência, mas “assumindo a forma de servo”, tornando-se um ser real e plenamente humano (Fp 2.5-7).

Como Gregório de Nazianzo explicou, permanecendo o que ele era (isto é, totalmente Deus), o Filho tornou-se o que ele não era (isto é, um ser totalmente humano).

A Escritura apoia a plena divindade do Filho:

(1) seus títulos divinos demonstram que ele é Deus. Ele é o Filho de Deus (Mc 1.9-11; Jo 3.16) e Senhor (At 2.36).

(2) As referências bíblicas que se dirigem a ele como Deus apoiam sua divindade, já que ele é chamado de “nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus” (Tt 2.13; 2Pe 1.1; cf. Hb 1.8).

(3) Sua natureza é divina: “Ele é o resplendor da glória de Deus e a representação exata de sua natureza” (Hb 1.3; cf. Fp 2.6). Aliás, Jesus afirma: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30), de modo que “quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.8,9).

(4) Ele exibe atributos divinos como onipresença (Mt 28.20), onisciência (Mt 26.20-25,30-35; Jo 2.25; 18.4) e autoridade (Mt 28.18).

(5) Ele executa atividades divinas, tais como criar (Jo 1.3; Cl 1.16), sustentar (Cl 1.17), julgar (Jo 5.22,27; At 17.31), perdoar pecados (Mc 2.10) e conceder a vida eterna (Jo 5.21; 10.28).

(6) Seus milagres demonstraram que ele era o divino Filho de Deus (Jo 20.30,31

E os sete “sinais” em João:

  • transformar água em vinho, 2.1-11;
  • curar o filho do oficial, 4.46-54;
  • curar o inválido, 5.1-15;
  • alimentar os cinco mil, 6.5-14;
  • andar sobre as águas, 6.16-24;
  • curar o cego, 9.1-7;
  • e ressuscitar Lázaro, 11.1-45).

Esses pontos ressaltam a plena divindade do Filho de Deus (Jo 20.28).

A Escritura apoia a plena humanidade do Filho encarnado:

(1) Jesus nasceu como qualquer outro ser humano (Lc 2.1-7).

(2) Cresceu e amadureceu como qualquer pessoa (Lc 2.40,51,52).

(3) Tinha necessidades físicas normais, como comer, beber, descansar e dormir.

(4) Expressou emoções humanas comuns como amor, admiração, alegria, compaixão e ira.

(5) Desfrutou de relacionamentos característicos dos seres humanos. Por exemplo, João era o “discípulo a quem Jesus amava” (Jo 21.7,20), um dos três amigos mais próximos de Jesus (Pedro, Tiago e João; Mc 5.37; 9.2; 14.33).

Jesus passou três anos de ministério com os Doze (Mt 10.1-4) e teve amizades próximas com mulheres (Lc 8.1,2), incluindo Maria e Marta (Jo 11.1-41). E era “amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11.19; cf. 9.10,11).

(6) Sofreu e morreu como qualquer outro ser humano (Jo 19.34). Esses pontos ressaltam a plena humanidade do Filho de Deus encarnado (1Tm 3.16).

Principais erros

1. A negação da divindade (total) do Filho (arianismo, quenotismo). Essa posição não consegue explicar as passagens que afirmam que o Filho é Deus.

2. A negação da humanidade (total) do Filho (docetismo, apolinarismo). Essa posição não consegue explicar as passagens que afirmam que o Filho assumiu uma natureza completamente humana.

3. A negação da união hipostática (nestorianismo, eutiquianismo). Essa posição não mantém unidas as afirmações bíblicas da divindade e da humanidade de Cristo.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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