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Os Atributos Comunicaveís de Deus

Os atributos de Deus comunicáveis são as características ou as perfeições de Deus, conforme reveladas pela Escritura, que Deus comunica aos seres humanos, ou seja, compartilha com eles.

Os atributos comunicáveis são aquelas características ou perfeições que Deus compartilha com os seres humanos.

Os atributos comunicáveis são conhecimento, sabedoria, veracidade, fidelidade, amor, bondade, graça, misericórdia, paciência, santidade, zelo, ira, retidão/justiça e poder.

Deus quer que os portadores de sua imagem espelhem a sua natureza ao refletirem esses atributos. Deus deve ser adorado por seus atributos comunicáveis.

ENTENDENDO A DOUTRINA  DOS ATRIBUTOS COMUNICAVEÍS DE DEUS

Segundo Gregg R. Allison na discussão dos atributos de Deus, costuma-se distinguir entre atributos incomunicáveis e comunicáveis.

Isso não significa que Deus tenha dois “pacotes” de características diferentes. O que ocorre é que os dois rótulos são úteis para apresentar uma grande quantidade de conteúdo. Além disso, ambos destacam um ponto importante a respeito de imitar a Deus.

Os atributos comunicáveis são as características ou as perfeições que Deus comunica aos seres humanos, ou seja, compartilha com eles.

Do modo como é usada aqui, a palavra comunicável significa compartilhável.

Deus criou os seres humanos à sua imagem, o que significa que eles o espelham de alguma forma, especificamente refletindo seus atributos comunicáveis. Cada um deles têm características similares nos seres humanos.

Conhecimento refere-se ao atributo divino de saber tudo (onisciência): Deus conhece todas as coisas. Ele conhece plenamente:

  • (1) a si mesmo; seu conhecimento infinito abrange seu ser infinito;
  • (2) o passado, que é tão vívido para ele como o presente;
  • (3) o presente, até os mínimos detalhes da vida;
  • (4) o futuro, até mesmo as decisões e ações do livre-arbítrio de suas criaturas;
  • (5) todas as coisas reais — isto é, pessoas e eventos que existem e acontecem;
  • (6) todas as coisas possíveis

— isto é, pessoas e eventos que poderiam existir e acontecer, mas nunca existirão.

A Sabedoria de Deus

Sabedoria é o atributo divino pelo qual Deus sempre tem os melhores objetivos e usa os melhores meios para alcançar esses objetivos, para sua própria glória e bênção de seu povo.

No entanto, sabedoria não é mera eficiência, um processo calculado e aperfeiçoado, projetado exclusivamente para obter maior produtividade.

Em vez disso, a sabedoria é um julgamento sensato, expresso nas atividades de criação, redenção, orientação e outras.

Veracidade é o atributo divino que significa que Deus, que é o único Deus verdadeiro, nunca mente; ele sempre diz a verdade.

Isso quer dizer que a Escritura, que é a Palavra do Deus que diz a verdade, é inerrante e sempre afirma a verdade.

Fidelidade é o atributo divino que significa que Deus nunca volta atrás em sua palavra, mas cumpre sempre suas promessas. Mesmo quando seu povo o nega, Deus permanece fiel.

Amor é o atributo divino que significa que Deus se doa de forma altruísta

A Divindade é uma comunidade eternamente amorosa, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo se amam. A partir dessa plenitude de autodoação.

Deus criou seres portadores de sua imagem, a quem ele ama, mesmo quando caem em pecado. Além disso, em seu infinito amor, Deus deu o Filho para resgatar seu povo perdido.

Jesus demonstrou o mais alto amor autossacrificial por seus inimigos, que agora estão unidos a Deus e uns aos outros pelo amor do Espírito Santo.

Bondade é a benevolência que caracteriza Deus e seus caminhos. Deus, que é o único bom, é intrinsecamente bom, e tudo o que ele faz é bom. As variedades da bondade divina são graça, misericórdia e paciência.

Graça é a bondade que Deus manifesta àqueles que merecem condenação

É o favor imerecido de Deus. Esse presente não é algo que pessoas decaídas e relapsas conquistem pela prática de boas obras.

De modo que Deus tenha alguma obrigação de salvá-las. Pelo contrário, é pela fé que nos apropriamos da salvação gratuita de Deus.

Misericórdia é a bondade que Deus manifesta aos aflitos

Assim como a graça, a misericórdia não pode ser merecida. Esse atributo é visto na compaixão paternal de Deus por seus filhos, cuja fraqueza.

E cujas falhas ele conhece bem. Ela é vista na piedade de Jesus para com os infelizes que clamam: “… Tem misericórdia de nós” (Mt 9.27).

Paciência é a bondade de Deus demonstrada no adiamento da punição

É a lentidão de Deus para se irritar. Embora esteja pronto a expressar seu descontentamento, ele se contém.

Essa suspensão temporária da punição não deve ser interpretada como se Deus inocentasse o culpado. Pelo contrário, deve levar as pessoas ao arrependimento.

Santidade é o atributo divino que significa que Deus é exaltado acima da criação e é absolutamente puro moralmente.

O Deus santo, sendo transcendente, é completamente separado de sua criação. Incomparavelmente exaltado, é digno de adoração.

Além disso, é proclamado “Santo, Santo, Santo” (Is 6.3), totalmente puro e não corrompido pelo pecado. Ainda assim, ele se envolve com um mundo pecaminoso e age para tornar santos os pecadores.

Zelo é o atributo divino que caracteriza o fato de que Deus protege sua honra

Como somente Deus é digno de fidelidade máxima, quando seu povo se devota a outra coisa ou pessoa, isso provoca o zelo de Deus.

Esse atributo divino não é como o ciúme pecaminoso, que é semelhante à cobiça ou inveja. Deus protege, com retidão, sua própria honra e, portanto, não é ciumento num sentido de avidez pecaminosa.

Ira é o atributo divino pelo qual Deus odeia intensamente o pecado e está pronto para puni-lo totalmente. Para que o perdão leve ao livramento da ira de Deus, sua ira deve ser saciada.

A morte de Cristo, como propiciação pelo pecado humano, apazigua a ira de Deus.

Consequentemente, os cristãos nunca enfrentarão a ira divina, mas os incrédulos experimentarão a fúria de Deus em punição eterna.

A Justiçia e Retidão de Deus

Retidão/justiça exprime a integridade da Pessoa, das atitudes, dos padrões e dos juízos de Deus. Deus é perfeitamente justo, assim como os seus caminhos na criação, na providência e na salvação.

Como Deus é justo, estabelece padrões morais que refletem sua natureza, requerendo conformidade com esses padrões.

Os julgamentos que faz de suas criaturas são justos: ele sempre recompensa a obediência aos seus padrões e pune a desobediência de forma justa.

Poder refere-se ao atributo divino da onipotência. Deus é todo-poderoso, ou seja, pode fazer tudo o que lhe é próprio.

Entre os exemplos estão a criação a partir do nada, o Êxodo e a encarnação do Filho de Deus.

É importante ressaltar que Deus não pode fazer certas coisas, como pecar, mentir, fazer algo que seja logicamente absurdo, morrer, quebrar uma promessa ou ser frustrado em seus planos.

Essas “incapacidades” fazem parte da perfeição de Deus. Além disso, Deus não é obrigado a agir, mas faz o que lhe agrada.

Ao criar os seres humanos à sua imagem, Deus quer que eles o espelhem de alguma forma, especialmente refletindo esses atributos comunicáveis. Deus deve ser louvado e adorado por seus atributos comunicáveis.

Base bíblica

A Escritura geralmente lista os atributos comunicáveis em conjunto, um exemplo é quando Deus proclamou seu nome: “SENHOR, SENHOR.

Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se, cheio de amor inabalável e de fidelidade” (Êx 34.6). A Escritura também apresenta esses atributos individualmente.

Em termos de conhecimento divino, ou onisciência, a Escritura afirma: “Deus […] conhece todas as coisas” (1Jo 3.20; poeticamente, Sl 139.1-6).

Deus conhece plenamente a si mesmo (1Co 2.10,11), o passado (Sl 90.4), o presente (Hb 4.13), o futuro (Is 42.8,9; 46.9,10), todas as coisas existentes (Jó 28.24) e todas as coisas possíveis (1Sm 23.11-13; Mt 11.21-23).

Deus, que é o “único Deus sábio” (Rm 16.27), empregou sua sabedoria na criação do mundo (Sl 104.24; Pv 8.12, 22-32) e no planejamento da salvação, embora sua sabedoria pareça loucura para os pecadores (1Co 1.18-31).

Por meio da igreja, Deus revela sua sabedoria aos seres celestiais (Ef 3.7-11) e age sabiamente para o bem de seu povo (Rm 8.28).

A veracidade de Deus deriva do fato de ele ser o único Deus verdadeiro (Jr 10.10,11; Jo 17.3). Ele não mente e não pode mentir (Rm 3.3,4; Tt 1.2; Hb 6.18).

Consequentemente, a Escritura é totalmente verdadeira (Jo 17.17; Pv 30.5). Ao dizer a verdade, o povo de Deus espelha a veracidade divina (Ef 4.25; Cl 3.9,10).

A fidelidade de Deus é ressaltada por duas perguntas: “Tendo ele dito, não o fará? Ou, havendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19).

A resposta é positiva, porque Deus é fiel. A fidelidade de Deus não depende de seu povo ser fiel a ele. Mesmo quando o povo é infiel, Deus permanece fiel (2Tm 2.13).

O amor existe eternamente na Divindade (Jo17.23-26). Em seu amor infinito, Deus enviou seu Filho (Jo 3.16), cuja morte foi um ato de amor sacrificial por seus inimigos (Rm 5.8).

O Espírito agora une o povo de Deus em amor (Rm 5.5), e o povo retribui amando a Deus e o próximo (Mt 22.37-40).

Deus, o único que é bom (Mc 10.17,18), é bom em si mesmo (Sl 34.8) e em tudo o que faz (Sl 119.68). Por ser o bom Deus, é a fonte de todas as coisas boas (Tg 1.17; Sl 84.11).

A graça divina é mais comumente associada com sua obra de salvação: a justificação é pela graça, e não por obras (Rm 3.23,24; 4.16; 11.6), assim como a santificação (Rm 5.2; 1Co 15.10).

Deus tem misericórdia de quem lhe apraz ter misericórdia (Rm 9.14-18). Como um pai, ele tem compaixão de seus filhos débeis e fracos (Sl 10S.1S,14).

A misericórdia de Deus é atestada na compaixão de Jesus com os cegos que lhe imploraram: “Tem compaixão de nós” (Mt 9.27). Porque Deus é misericordioso, seu povo também deve ser misericordioso (Lc 6.35,36).

Deus exerce sua paciência com os incrédulos para levá-los ao arrependimento (Rm 2.4) e é paciente em relação aos crentes para dar-lhes tempo para comunicar o evangelho (2Pe 3.9).

Porque Deus é paciente, os cristãos devem ter domínio próprio (Pv 16.32), suportar o sofrimento (1Pe 2.20) e ter tolerância com os ociosos, os desanimados e os fracos (1Ts 5.14).

A santidade de Deus (Is 6.1-7) é tanto sua exaltação em relação à criação (Êx 15.11) como sua incorruptibilidade pelo pecado (Hc 1.13). O Deus santo quer que seus filhos sejam cada vez mais santos (1Pe 1.13-16; 2Co 6.14—7.1).

Deus, “cujo nome é Zeloso” (Êx 34.14), proíbe seu povo de se envolver em idolatria porque tem ciúme dele (Êx 20.5). Esse ciúme divino significa que Deus procura impedir que o seu povo busque alguma coisa ou alguém que queira usurpar seu lugar de direito (2Co 11.1-4).

O Estado Pecaminoso do Ser Humano

A pecaminosidade humana provoca a ira divina (Êx 32.9-14; Dt 9.7,8). Cristo veio para resgatar os “filhos da ira” (Ef 2.3) da ira divina (1Ts 1.10; Rm 5.9,10).

Mas isso se aplica apenas aos seus discípulos (Jo 3.36). O povo de Deus o reflete quando expressa a ira justa (Ef 4.26), seguindo o exemplo de Jesus (Mc 3.1-6; Jo 2.13-17).

Deus é “justo e reto” e “todos os seus caminhos são justos” (Dt 32.4; cf. Gn 18.25). Essa retidão/justiça divina é refletida em suas declarações, padrões e justos juízos (Is 45.19; Sl 19.8). Ele recompensa a obediência (Rm 2.7) e pune a desobediência (2Ts 1.8).

O poder divino, ou onipotência, é manifestado na criação (Jr 32.17), na realização do propósito divino (Is 14.27), na encarnação (Lc 1.26-38) e na salvação (Mc 10.23-27). Deus “faz tudo o que o agrada” (Sl 115.3; 135.6).

Deus exorta seu povo a imitá-lo (Ef 5.1), demonstrando seus atributos comunicáveis, como a santidade (1Pe 1.15,16), a misericórdia (Lc 6.36), o amor (1Jo 4.11,19), e suportando o sofrimento injusto (1Pe 2.21-25).

Essa imitação não é uma conformidade externa, realizada em nossa própria força, mas deve ser o fruto do andar no Espírito (Gl 5.22,23), de acordo com as Escrituras.

Além de imitar essas características, o povo de Deus deve adorá-lo por seus atributos comunicáveis.

Por exemplo: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! […] A ele seja a glória eternamente! Amém” (Rm 11.33,36).

Principais erros sobre esta Doutrina

Definir os atributos divinos de acordo com conceitos humanos. Embora exista um contraponto humano para os atributos comunicáveis, é errado começar com as expressões decaídas do amor humano (sentimentalismo).

Ciúme (cobiça, inveja), pena (sem ação correspondente), e assim por diante, e então tirar conclusões sobre os atributos de Deus. Ao contrário, é a Escritura que deve revelar a natureza desses atributos divinos.

Qualquer rejeição ou descarte de (alguns dos) atributos divinos porque eles ferem as sensibilidades ou preferências humanas.

Dois exemplos são a rejeição da ira divina e a rejeição da justiça retributiva, que as pessoas descartam porque esses atributos não apresentam Deus da maneira que elas querem que ele seja.

Essa abordagem da Escritura é perigosa porque projeta sobre Deus os desejos ou perspectivas dos seres humanos decaídos.

Colocar um atributo divino contra outro. Um exemplo é um suposto conflito entre o amor de Deus e sua justiça.

Isso se verifica na ideia errada de que o Antigo Testamento apresenta uma visão de Deus

  • — justa e irada, não amorosa e graciosa
  • — enquanto o Novo Testamento apresenta outra, de um Deus bondoso e gentil.

Essa abordagem da Escritura é perigosa porque é injustificada.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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