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Os Atributos Incomunicáveis de Deus

Os atributos incomunicáveis são as características ou as perfeições de Deus, conforme reveladas pela Escritura, que Deus não comunica aos seres humanos, ou seja, não compartilha com eles.

Os atributos incomunicáveis são aquelas características ou perfeições que Deus não compartilha com os seres humanos. São eles: independência, imutabilidade, eternidade, onipresença, simplicidade e espiritualidade.

Esses atributos ressaltam a distinção Criador-criatura e a transcendência divina. Deus deve ser louvado por seus atributos incomunicáveis.

ENTENDENDO A DOUTRINA DOS ATRIBUTOS INCOMUNICAVEÍS DE DEUS

Gregg R. Allison diz que na discussão dos atributos de Deus, costuma-se distinguir entre atributos incomunicáveis e comunicáveis. Isso não significa que Deus tenha dois “pacotes” de características diferentes.

O que ocorre é que os dois rótulos são úteis para apresentar uma grande quantidade de conteúdo.

Além disso, ambos destacam pontos importantes — especificamente a distinção Criador-criatura, bem como a transcendência de Deus (os atributos incomunicáveis).

E o fato de que os seres humanos foram criados à imagem de Deus, refletindo-o de algumas maneiras (os atributos comunicáveis).

A Perfeição de Deus

Os atributos incomunicáveis são as características ou as perfeições de Deus que ele não comunica aos seres humanos, ou seja, não compartilha com eles.

Do modo como estamos usando a palavra aqui, “comunicável” significa “compartilhável”. Certamente, Deus criou os seres humanos à sua imagem, o que significa que eles o refletem em algum aspecto.

No entanto, as características que os seres humanos refletem são os atributos comunicáveis de Deus, não os incomunicáveis. Estes últimos não têm contraponto nos seres humanos.

A independência é o atributo divino da autoexistência

A própria natureza de Deus é existir. Ele não depende e não pode depender de nada nem de ninguém.

Esse atributo ressalta a distinção entre Criador e criatura: enquanto o Criador é completamente independente, as criaturas são completamente dependentes da vontade divina para sua existência.

Deus é autossuficiente. Filosoficamente, a existência de Deus é necessária: ele tem de existir.

Contudo, existem coisas cuja existência é impossível (p. ex., um círculo quadrado) e outras cuja existência é possível (p. ex., anjos e seres humanos).

Mas a existência de Deus — e somente a dele — é necessária. Deus tem que existir.

A Imutabilidade de Deus

Imutabilidade, ou estabilidade, é a característica divina que garante que Deus não muda; ele sempre age de forma coerente.

  • Ele é imutável em termos de sua essência: Deus existe eternamente como Pai, Filho e Espírito Santo. Ele é imutável em relação às suas perfeições:
  • Deus é eternamente onisciente, amoroso, santo e assim por diante. Ele é imutável em relação ao seu decreto ou plano:
  • Deus estabeleceu eternamente seu propósito para a criação, o qual ele certamente cumprirá. Ele é imutável em relação às suas promessas:
  • Deus está totalmente empenhado em cumprir seus compromissos e nunca renega suas promessas.

A imutabilidade, assim como a independência, ressalta a distinção entre Criador e criatura: enquanto Deus é totalmente imutável, os seres humanos mudam constantemente.

Contudo, a imutabilidade de Deus não significa que ele seja imóvel. Aliás, Deus responde à oração e perdoa as pessoas quando elas se arrependem, agindo de forma coerente com seu ser imutável e seus propósitos.

Assim, não há nenhum conflito fundamental entre a imutabilidade divina e as declarações bíblicas de que Deus cedeu ou mudou de ideia.

A Eternidade de Deus

A eternidade é o atributo divino que designa o fato de que Deus sempre existiu, não sendo limitado pelo tempo.

A eternidade é a infinitude de Deus em relação ao tempo. Seu ser não tem início, fim ou desenvolvimento sequenciado no tempo (em outras palavras, Deus não envelhece).

Deus não é limitado pelo tempo. A bem da verdade, ele existia antes de criar o Universo espaço-temporal.

Ainda assim, ele age no tempo. Por exemplo, antes do tempo começar, ele escolheu os crentes (Ef 1.4).

Além disso, o Filho tornou-se encarnado no tempo apropriado (Gl 4.4). Esse atributo ressalta a transcendência divina: Deus é infinitamente superior à criação, que teve um começo e é temporal.

 A Onipresença de Deus

A onipresença é a característica divina de estar presente em todos os lugares. Deus está presente com todo o seu ser em todos os lugares, ao mesmo tempo.

Ele não é limitado pelo espaço, e não se deve pensar que ele seja enormemente grande ou que esteja localizado em um lugar em vez de outro.

Embora esteja presente em todos os lugares, Deus manifesta sua presença de maneiras diferentes em situações diferentes, abençoando, amaldiçoando, advertindo ou confortando. Esse atributo ressalta a transcendência divina.

Deus é infinitamente exaltado sobre a criação, que tem dimensão espacial e está localizada em um lugar.

Deus e Sua Simplicidade

Simplicidade é o atributo divino que significa que Deus é o conjunto dos seus atributos. Ele não é composto de partes, sendo suas características, como santidade, amor e poder, os ingredientes dos quais é feito.

Além disso, Deus não é uma natureza divina à qual são adicionadas as perfeições do conhecimento, da eternidade e da justiça. Pelo contrário, Deus é sua natureza e seus atributos.

O atributo da simplicidade ressalta a diferença entre Criador e criatura: enquanto Deus é simples, os seres humanos são criaturas complexas, sendo tanto material (corpo) quanto imaterial (alma/espírito).

Deus é Espírito

Espiritualidade é a característica divina que descreve o fato de que Deus é imaterial por natureza. Ele não tem aspecto físico.

Esse atributo ressalta a distinção entre Criador e criatura: a natureza humana é complexa, material e imaterial. A natureza de Deus, ao contrário, não é material: ele não tem componente físico, mas é apenas imaterial.

A espiritualidade divina não significa que Deus não possa estar presente de maneira tangível.

Na verdade, Deus pode manifestar sua glória, mas seu ser nunca pode ser visto. Deus deve ser louvado e adorado por seus atributos incomunicáveis.

Base bíblica

Deus é “o Alto e o Sublime” (Is 57.15), “entronizado nos céus” (Sl 123.1). O Filho é chamado de “o Primogênito sobre toda a criação”, uma expressão que se refere à sua preeminência sobre tudo o que foi criado “por ele e para ele” (Cl 1.15,16).

Essa transcendência divina ressalta a distinção entre Criador e criatura, que se vê particularmente nos atributos incomunicáveis de Deus.

A independência de Deus é enfatizada no nome pelo qual ele é conhecido: YHWH. “EU SOU O QUE SOU” (Êx 3.14,15): Deus é, ele é existente, e seu próprio nome ressalta sua autoexistência.

Sendo aquele que “tem vida em si mesmo” (Jo 5.26), ele “fez o mundo e tudo o que nele há” e dá “a vida, a respiração e todas as coisas” às suas criaturas (At 17.24,25). Ele é independente, e toda a criação depende dele para sua existência.

Deus declara sua própria imutabilidade:

“Eu, o SENHOR, não mudo” (Ml 3.6). Nele “não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17). A imutabilidade divina é contrastada com a mutabilidade humana.

Falando sobre o céu e a terra, o salmista diz: “Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles envelhecerão como uma vestimenta; tu os mudarás como roupa, e eles passarão.

Mas tu és o mesmo, e teus anos não têm fim” (Sl 102.26,27). Além disso, Deus não muda seu plano eterno.

Ao contrário, ele “faz todas as coisas segundo o desígnio da sua vontade” (Ef 1.11), cujo conselho “permanece para sempre” (Sl 33.11; Is 46.9-11).

As promessas de Deus também são imutáveis: “Deus não é homem, para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa.

Por acaso, tendo ele dito, não o fará? Ou, havendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19).

Deus é Eterno

A eternidade de Deus é declarada em expressões como “de eternidade a eternidade” (Sl 90.2; 106.48) e “antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre” (Jd 25).

Além disso, ele é imortal (1Tm 1.17; Rm 1.23); de fato, Deus “possui, ele somente, a imortalidade” (1Tm 6.16).

Sua grandeza e incompreensibilidade estão ligadas à sua eternidade: “Deus é grande, e não podemos compreendê-lo; ninguém consegue contar os seus anos” (Jó 36.26).

Deus tem uma relação singular com o tempo, de modo que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2Pe 3.8; Sl 90.4).

A onipresença de Deus é enfatizada em resposta a uma pergunta:

  • “Para onde me ausentarei do teu Espírito?
  • Para onde fugirei da tua presença?”.

As respostas erradas incluem o céu, as profundezas (o reino dos mortos), as extremidades do mar e o manto das trevas (Sl 139.7-12).

Não há como escapar de Deus, porque ele “enche os céus e a terra” (Jr 23.24). Embora sua gloriosa presença habite com seu povo, até mesmo o construtor do templo exclama:

“Mas habitaria Deus na terra? O céu, e até o céu dos céus, não te podem conter; muito menos este templo que edifiquei!” (1Rs 8.27).

A simplicidade divina é uma conclusão teológica extraída de afirmações bíblicas como “Deus é amor” (1Jo 4.8), Deus é santo (1Pe 1.15,16) e seu “nome é Zeloso” (Êx 34.14).

Deus não é em parte amor, em parte santo e em parte zeloso. Pelo contrário, amor, santidade e zelo são características do todo de Deus. Além disso, Deus é amor, é santo e é zeloso, pois Deus é os seus atributos.

A espiritualidade de Deus foi afirmada pelo próprio Jesus, que disse:

“Deus é espírito” (Jo 4.24). Com certeza, essa é a conclusão teológica apropriada que se pode extrair das afirmações bíblicas de que Deus é invisível (Cl 1.15; 1Tm 1.17).

De tal forma que “nenhum dos homens viu nem pode ver” (1Tm 6.16). Sua natureza é como a de nenhum outro, incluindo os seres humanos.

Um exemplo de adoração dirigida a Deus por seus atributos incomunicáveis é a seguinte passagem: “Ao Rei dos séculos [eterno], imortal, invisível, ao único Deus, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém” (1Tm 1.17).

Principais erros da Doutrina

Qualquer diminuição da distinção Criador-criatura. Há uma tendência de definir os atributos divinos começando com algo humano e projetando essas noções humanas nos atributos divinos.

O ponto de partida está errado. Devemos começar com a Escritura. E a abordagem de projeção está errada. Não devemos impor nossas ideias humanas sobre os atributos divinos.

Qualquer ênfase excessiva na completa “alteridade” de Deus, de modo que a revelação bíblica dos atributos divinos seja minimizada ou descartada.

Mesmo no que se refere aos seus atributos incomunicáveis, Deus não está fora da possibilidade de uma definição.

Temos certa noção de sua independência, imutabilidade, eternidade, onipresença, simplicidade e espiritualidade. E temos a prazerosa obrigação de louvá-lo do modo como ele se revelou na Escritura.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto.

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