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Reconstruindo o Coração (O corpo inteiro o Evangelho inteiro)

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”.

Gênesis 1.26-28

É raro hoje em dia encontrar homens e mulheres tão fervorosos como Davi quando, cheio de confiança, lutava contra a besta chamada Golias, ou tão indignos como Davi estava quando se pôs diante da arca da aliança.

De raro em raro, encontramos pessoas inteiramente despojadas como Jeremias quando pregava contra a teimosia de Israel. E podemos também pensar no momento em que Jesus expulsou os vendilhões do templo. A razão por que a paixão e o zelo parecem ter desvanecido no mundo evangélico de hoje é que nossa teologia do coração e da emoção está inteiramente despedaçada.

O racionalismo pós-iluminista foi reembalado e está lançando raízes na Igreja (por exemplo, a ideia de que a mente é o componente central e supremo da vida cristã, o ambiente de “somente o catecismo responde”, etc.). Temos um avivamento do paganismo e o culto da fertilidade que o acompanha infiltrando-se na Igreja e espalhando morte e destruição (por exemplo, sexo é deus, homossexualidade, aborto, etc.).

Temos os pressupostos deficientes da filosofia grega reaparecendo na teologia, na erudição e na prática cristãs. Temos o existencialismo permeando a mente do povo de Deus (por exemplo, o homem, a razão e sua liberdade/ autonomia são o mais importante, em detrimento de Deus e sua glória, etc.).

Em suma: como carecemos de um fundamento bíblico em matérias como psicologia, filosofia e teologia, a cultura a nosso redor está se deteriorando rapidamente, e ninguém mais parece saber o que fazer.

A resposta a qualquer cosmovisão que contradiga a Bíblia é… a Bíblia. A palavra de Deus e a autoridade que ela traz a toda filosofia ou psicologia é o antídoto a todo pensamento não cristão. Como nos ensinou Cornelius Van Til, todo pensamento não cristão é inerentemente dialético, não pode resolver ou sintetizar conceitos aparentemente contraditórios como individual e coletivo, universal e particular ou fé e razão.

Somente quando começamos com a trindade ontológica podemos elucidar as incertezas.

O modo de combater o paganismo, o naturalismo e os cultos é pregar o evangelho do Reino do Deus Triúno e todos os seus pressupostos, autoridade, lógica e verdade.

E, coincidentemente, é também o modo como combatemos as inconsistências de nossa mente e de nossas emoções.

Uma vez que este estudo é sobre a psicologia do homem e o papel das emoções em nosso ser, não vamos necessariamente aprofundar-nos nas outras cosmovisões não cristãs.

Vamos tocá-las em algum grau a fim de aferir a gravidade com que elas nos afetam, mas este não deve ser considerado um tratado completo sobre essas coisas.

Tendo dito tudo isso, a pergunta diante de nós é a seguinte:

  • O que é o homem?
  • E não apenas o que, mas quem: Quem é o homem?
  • Quem é o homem na relação com o mundo?
  • Quem é o homem na relação consigo mesmo – suas emoções, pensamentos e comportamento?
  • Melhor ainda, quem e o que é o homem em seu relacionamento com Deus?

O fundamento do Cristianismo.

O fundamento do cristianismo e sua expressão no mundo por meio do homem é o coração – o centro do homem, o homem interior, de onde procedem as fontes da vida (Pv 4.23).

O coração é o que faz de você. Aqui em Provérbio 4.23, a palavra hebraica é lev, e seu significado principal tem a ver com o locus do ser inteiro de uma pessoa, seus desejos, emoções, volição e pensamento.

No mundo ocidental, tendemos a pensar no coração como o ramo emocional da alma, e o cérebro como a seção pensante. Entretanto, no mundo hebraico, o “coração” é a fonte da qual tudo flui.

É o coração que engloba tudo que diz respeito ao homem. O coração é a grande estação central do que significa existir.

Criados a Imagem de Deus.

Ora, quando Deus criou o homem à sua imagem, ele o fez com uma estrutura e um conjunto de características particularmente singulares.

O homem é uma criatura e é o resultado da ação soberana de Deus. Não há autorrealização ou existência autodirigida; não há processo evolucionário.

Visto que o homem foi trazido por Deus à existência no tempo e no espaço, foi-lhe imputado um significado.

E isso porque o homem foi criado à imagem de Deus; o significado é conferido, não inventado. Não há um passado hipotético ou conceitual pelo qual o homem possa apelar a alguma pré – existência vaga, nebulosa.

O outro privilégio de ser criado à imagem de Deus é que o homem foi criado em pé. Ele foi feito justo, santo e bom. O homem não foi um acidente nem foi autocriado numa condição de neutralidade. O homem esteve e está em aliança com Deus, e isso quer dizer que foi criado maduro. Ser maduro e estar em aliança com Deus quer dizer que o homem é considerado responsável por suas ações.

Não pode culpar seu ambiente ou circunstância por nada, apenas a si mesmo. É uma pessoa responsável e sujeita às cortes celestiais. Dado que todos os homens e mulheres foram feitos igualmente à imagem de Deus, também podemos dizer que a existência é ótima.

O que é normal e saudável são coisas como justiça e paz, santidade e sabedoria. Deus é bom, nossa existência é inteiramente derivada de sua bondade, o que quer dizer que o padrão normal para esta existência é propósito, domínio e saúde física e emocional.

Não é (como gosta de postular o existencialismo sartriano) que a existência preceda a essência; antes, a imputação governa e precede a essência (portanto, a existência), porque nossa essência está ligada ao ser e à natureza de Deus. Deus é e, como consequência, nós somos.

Conclusão

Ora, a última coisa em que quero focar é como a referência à imagem de Deus tem tudo a ver com o chamado do homem e com a tarefa do domínio.

Não há reconstrução adequada do coração pelo Espírito até que enfrentemos esta realidade: você e eu somos criaturas do Criador, ordenados para exercer domínio, sujeitar a terra por meio da restauração de homens e mulheres e de instituições à obediência adequada ao Rei, fazendo-os assim ajustados ao Reino. É uma renovação do cosmos inteiro.

O domínio é frustrado pelo pecado e, visto que a psicologia humanista não trata de ética e pecado, é inútil pôr o homem de volta no rumo do propósito e do domínio, e assim a pessoa fica emperrada na frustração sem alívio à vista.

Tudo isso porque as versões humanistas da psicologia não reconhecem a autoridade de Deus; rejeitam a distinção Criador/criatura, e assim deixam o homem sem esperança de cura e restauração.

A tarefa de domínio do homem – quando restaurada em Cristo dá ao homem um propósito fora de si mesmo e deste modo remove qualquer precondição para egoísmo e orgulho.

Quando falamos de reconstruir o coração e desenvolver uma teologia das emoções é importante manter essas distinções no lugar.

O mundo ocidental, influenciado pela filosofia grega Platônica e Aristotélica, vê um dualismo, um abismo entre o Homem como Idéia e o Homem como Matéria.

Ao olharmos para as Sagradas Escrituras vemos que Deus nos chama a sermos santos de forma integral (Que sejamos santificados corpo, alma e espírito).

Por J.R. Santos

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