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Santificação – Veja Como Ela Transforma Sua Vida

A santificação — mais especificamente a santificação progressiva — é a obra colaborativa entre Deus e os cristãos pela qual ocorre a contínua transformação em maior semelhança com Cristo.

Ao contrário das obras monergísticas, a santificação é uma obra sinergística na qual Deus e os cristãos cooperam.

Enquanto algumas obras divinas, como justificação e adoção, mudam o status de alguém diante de Deus, a santificação, assim como a regeneração, muda sua natureza. Ela consiste em três aspectos: posicional, progressivo e perfectivo.

Deus trabalha do modo mais apropriado à sua ação divina. Os cristãos trabalham do modo mais apropriado à sua ação humana. A santificação se realiza especialmente por intermédio do Espírito Santo e da Palavra de Deus no contexto da comunidade.

Entendendo a Doutrina da Santificação

Os poderosos atos de Deus na aplicação da obra de Cristo à vida de alguém — união com Cristo, regeneração, justificação, adoção e batismo com o Espírito — ocorrem no início da salvação.

A santificação, ao contrário, é um trabalho contínuo que se estende por toda a vida. Além disso, diferentemente das outras obras, que são monergísticas, a santificação é sinergística.

Monergismo (gr., monos, “sozinho”, e ergon, “trabalho”) remete ao trabalho de uma única fonte. Deus é o agente único que efetua a regeneração, a justificação e assim por diante.

Sinergismo (gr., syn, “com”, e ergon, “trabalho”) refere-se a duas (ou mais) fontes que trabalham juntas na salvação.

Deus e os crentes trabalham juntos na santificação

Há mais uma diferença importante: alguns atos poderosos de Deus são de natureza legal. Eles mudam o status da pessoa diante de Deus.

Por exemplo, a justificação é uma obra de natureza jurídica, que afeta a posição de alguém diante de Deus. Por causa da justificação, a pessoa não é mais culpada, mas justa. Outros atos divinos são de natureza transformativa.

Eles mudam o próprio ser

Por exemplo, a regeneração remove a natureza antiga e concede uma nova natureza. A santificação, assim como a regeneração, é uma obra transformativa. Ela muda o próprio ser.

Especificamente, a santificação consiste em três aspectos.

A santificação posicional é a obra divina que afasta os crentes do pecado e os separa para seus propósitos.

Nesse aspecto, até o recém-convertido é santificado: separado de sua antiga vida e consagrado à sua nova vida em Cristo.

A santificação posicional ocorre no começo da salvação e se aplica a todos os crentes igualmente. A santificação progressiva é o que normalmente se entende por “santificação”, tanto na Escritura quanto na teologia.

É a obra conjunta de Deus e dos cristãos, pela qual ocorre a transformação contínua em maior semelhança com Cristo. Envolve um crescente afastamento do pecado e uma crescente conformidade com a imagem de Cristo.

A santificação progressiva ocorre do começo ao fim da salvação e existe em maior grau em alguns crentes e em menor grau em outros. Essa variação de desenvolvimento depende de muitos fatores.

A santificação perfectiva refere-se ao trabalho final de Deus de completar a salvação

Ao morrerem, os crentes são perfeitamente santificados para sua vida fora do corpo no céu.

Eles se tornam como Cristo, mas sem o elemento físico que possuíam. Quando Cristo voltar, os crentes receberão seus corpos ressurretos e serão plenamente santificados para sua vida corporificada futura.

Eles se tornarão completamente semelhantes a Cristo, incluindo seu corpo glorificado. A santificação perfectiva ocorrerá no final da salvação e se aplicará igualmente a todos os crentes.

Concentrando-se na santificação progressiva, como uma obra sinergística, Deus trabalha para santificar o seu povo de maneiras que são próprias de sua atuação divina.

Ele os capacita a vencer tentações e a enfrentar provações, determina e age para que eles realizem seu bom propósito e muito mais. Juntamente com esse trabalho divino, os crentes se santificam de maneiras que são próprias de sua atuação humana.

Eles leem a Escritura, oram, confessam seus pecados, submetem-se à orientação do Espírito, resistem à tentação e muito mais.

É importante ressaltar que os crentes não devem tentar fazer o trabalho de Deus e que Deus não faz o trabalho que cabe aos crentes.

Nesse processo de santificação, três pontos se destacam:

O Espírito Santo é enfatizado como a pessoa do Deus triúno especialmente responsável pela santificação.

A Palavra de Deus é enfatizada como o instrumento pelo qual a santificação ocorre; e a comunidade de fé é o contexto no qual a santificação se desenvolve.

Base bíblica

Desde o princípio, a intenção de Deus foi ter um povo que fosse santo como ele, consagrado para o seu propósito.

No Antigo Testamento, Deus ordenou ao faraó: “Deixa o meu povo ir, para que me sirva no deserto” (Êx 7.16).

Quando Deus libertou seu povo e o organizou, ordenou que consagrassem dias específicos (sábado; Êx 20.8-11), lugares (Tabernáculo, Êx 29.43-46; templo, 2Cr 6 e 7), pessoas (levitas; Êx 28.41) e muito mais.

E Deus lhes ordenou: “Sereis santos, porque eu, o SENHOR VOSSO DEUS, SOU SANTO” (Lv 19.2). Embora ele continuasse a se aproximar de seu povo rebelde, eles desobedeceram sua lei e ficaram aquém de sua santidade.

Em sua ação decisiva para retificar a pecaminosidade humana, “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, a fim de santificá-la […] para ser santa, sem mancha” (Ef 5.25-27).

O tema da santidade é especialmente associado à santificação como uma posição, um processo contínuo e uma promessa futura.

A santificação posicional pode ser atestada no fato de que mesmo os cristãos mundanos de Corinto são descritos como “santificados em Cristo Jesus” (1Co 1.2; 6.11).

Está correto, todos os crentes são descritos como “os santificados” (At 20.32).

A Escritura geralmente apresenta essa doutrina em referência a santificação progressiva.

Essa cooperação divino-humana se expressa vividamente no mandamento de Paulo: “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor, porque Deus é quem trabalha em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.12,13).

No que diz respeito à ação divina, Deus trabalha de forma não coercitiva nos crentes, para que desejem e ajam de modo a realizar seu propósito.

No que diz respeito à atuação humana, os crentes se comprometem voluntariamente e se empenham em realizar o plano divino.

A santificação perfectiva é o objetivo que Deus tem para todos os crentes. No céu, os “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23) adoram a Deus.

Esses são os santos falecidos que foram plenamente santificados para sua existência celestial fora do corpo.

Eles são como Cristo, mas lhes falta um componente importante: o corpo. Quando ele vier novamente, eles receberão seu corpo glorificado e serão plenamente santificados para sua futura vida no corpo (1Co 15).

Mais especificamente, na santificação progressiva, o papel divino envolve:

  • convicção do pecado (Jo 16.8-11)
  • provisão de recursos para resistir à tentação e suportar a provação (2Pe 1.3,4)
  • iluminação das Escrituras (1Co 2.14-16)
  • ajuda por meio da oração (Rm 8.26,27)
  • capacitação para o serviço (1Co 12.6) e muito mais.

Com base nessa atividade divina, os crentes têm grande confiança de que Deus os santificará completamente (1Ts 5.23).

A participação humana envolve especificamente dois aspectos, um passivo e outro ativo. Quanto ao aspecto passivo, os crentes se rendem à obra que Deus realiza em sua vida e por meio dela.

Eles se apresentam a Deus “como sacrifício vivo” (Rm 12.1) e oferecem cada parte de sua vida “a Deus como instrumentos de justiça” (Rm 6.13).

Essa rendição não é uma atividade em que eles se envolvem, mas uma postura contínua que adotam, submetendo- se ao plano de Deus.

Aspectos da Santificação

O segundo aspecto consiste em um envolvimento ativo, usando os meios que Deus dá aos crentes para sua santificação:

  • obedecer às Escrituras (2Pe 1.19), orar (Fp 4.6,7),
  • confessar o pecado (1Jo 1.9),
  • resistir a Satanás (Tg 4.7),
  • fugir da tentação (1Co 10.13)
  • mortificar tendências pecaminosas (Rm 6.1-14).

Assim, a santificação é uma realidade sinergística. Deus faz o seu papel, os crentes se entregam a Deus e desempenham seu próprio papel ativamente.

Três temas ressoam na santificação

Um é o trabalho essencial da terceira Pessoa da Trindade, com quem a santificação é particularmente associada (1Pe 1.2; 2Ts 2.13; 2Co 3.18).

O segundo tema é a instrumentalidade da Escritura, por meio da qual os crentes crescem “para a salvação” (1Pe 2.2). Como Jesus orou: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

O terceiro tema ressalta o contexto no qual a santificação se desenvolve, a igreja.

“Pensemos em como nos estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não deixando de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros” (Hb 10.24, 25).

A contínua comunhão cristã promove a santificação ao proporcionar adoração coletiva, pregação, sacramentos/ordenanças, exortação, discipulado, responsabilidade e muito mais.

Deus chama seu povo e cuida dele para que seja santo como ele é santo e para que se dedique ao propósito divino.

Ao santificá-lo, ele fornece recursos suficientes para o progresso contínuo em direção a uma semelhança com Cristo cada vez maior. A exortação, portanto, é que devemos lutar pela “santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Principais erros

1. Uma ênfase excessiva no papel divino. “Relaxa e deixa Deus agir” pode expressar corretamente a postura de se render ao trabalho divino na santificação, mas negligencia a responsabilidade humana.

2. O erro oposto é enfatizar exageradamente o papel humano. Em um esforço frenético para não retroceder e sempre se superar, os crentes tomam para si o fardo de progredir e acabam sendo esmagados pelo seu peso. Esse erro geralmente vem associado com o erro seguinte.

3. Qualquer ponto de vista que defenda a ideia de que, embora a justificação e o começo da salvação sejam segundo o Espírito, pela graça e por meio da fé, a santificação ocorre segundo a lei, pelas boas obras e pelo esforço humano. Paulo condena essa ideia (Gl 3.3).

4. Qualquer opinião que rejeite a semelhança cada vez maior com Cristo como componente essencial da salvação. “Uma vez salvo, salvo para sempre” pode expressar corretamente a verdade da perseverança no caso dos crentes genuínos.

Mas, quando é usada para justificar o envolvimento em todo tipo de pecado, sem evidência de uma vida transformada depois que alguém “aceita a Cristo”.

A frase distorce gravemente o significado da santificação e ameaça dar uma falsa sensação de segurança aos que não são cristãos de forma alguma.

Para que você possa se aprofundar e continuar seus estudos, leia o nosso próximo artigo, para você ter uma visão mais acurada do assunto indico o livro “50 Verdades centrais da fé Cristã” de Gregg R. Allison que deu origem a este artigo. Deus abençoe, até o próximo texto

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